O credo de Atanásio, com quarenta
artigos, é um tanto longo para um credo, mas é considerado por Archibald A.
Hogde “um majestoso e único monumento da fé imutável de toda a igreja quanto
aos grandes mistérios da divindade, da Trindade de pessoas em um só Deus e da
dualidade de naturezas de um único Cristo.”
Quem quiser salvar-se deve antes
de tudo professar a fé católica. Porque aquele que não a professar, integral e
inviolavelmente, perecerá sem dúvida por toda a eternidade. A fé católica
consiste em adorar um só Deus em três Pessoas e três Pessoas em um só Deus. Sem
confundir as Pessoas nem separar a substância. Porque uma só é a Pessoa do Pai,
outra a do Filho, outra a do Espírito Santo. Mas uma só é a divindade do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória e coeterna a majestade. Tal como
é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo.
O Pai é incriado, o Filho é
incriado, o Espírito Santo é incriado. O Pai é imenso, o Filho é imenso, o
Espírito Santo é imenso. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é
eterno. E contudo não são três eternos, mas um só eterno. Assim como não são
três incriados, nem três imensos, mas um só incriado e um só imenso. Da mesma
maneira, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é
onipotente. E contudo não são três onipotentes, mas um só onipotente. Assim o
Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. E contudo não são três
deuses, mas um só Deus. Do mesmo modo, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o
Espírito Santo é Senhor.
E contudo não são três senhores,
mas um só Senhor. Porque, assim como a verdade cristã nos manda confessar que
cada uma das Pessoas é Deus e Senhor, do mesmo modo a religião católica nos
proíbe dizer que são três deuses ou senhores. O Pai não foi feito, nem gerado,
nem criado por ninguém. O Filho procede do Pai; não foi feito, nem criado, mas
gerado. O Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado, mas procede do
Pai e do Filho. Não há, pois, senão um só Pai, e não três Pais; um só Filho, e
não três Filhos; um só Espírito Santo, e não três Espíritos Santos.
E nesta Trindade não há nem mais
antigo nem menos antigo, nem maior nem menor, mas as três Pessoas são coeternas
e iguais entre si. De sorte que, como se disse acima, em tudo se deve adorar a
unidade na Trindade e a Trindade na unidade. Quem, pois, quiser salvar-se, deve
pensar assim a respeito da Trindade. Mas, para alcancar a salvacão, é
necessário ainda crer firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. A
pureza da nossa fé consiste, pois, em crer ainda e confessar que Nosso Senhor
Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.
É Deus, gerado na substância do
Pai desde toda a eternidade; é homem porque nasceu, no tempo, da substância da
sua Mãe. Deus perfeito e homem perfeito, com alma racional e carne humana.
Igual ao Pai segundo a divindade; menor que o Pai segundo a humanidade. E
embora seja Deus e homem, contudo não são dois, mas um só Cristo. É um, não
porque a divindade se tenha convertido em humanidade, mas porque Deus assumiu a
humanidade. Um, finalmente, não por confusão de substâncias, mas pela unidade
da Pessoa. Porque, assim como a alma racional e o corpo formam um só homem,
assim também a divindade e a humanidade formam um só Cristo.
Ele sofreu a morte por nossa
salvação, desceu aos infernos e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos. Subiu
aos Ceus e está sentado a direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir a
julgar os vivos e os mortos. E quando vier, todos os homens ressuscitarão com
os seus corpos, para prestar conta dos seus atos. E os que tiverem praticado o
bem irão para a vida eterna, e os maus para o fogo eterno. Esta é a fé
católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar.