“Os
fautores do erro – ensina São Pio X – já não devem ser procurados entre os
inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no
próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos
percebidos.
“Aludimos,
Veneráveis Irmãos, a muitos membros do laicato católico e também, coisa ainda
mais para lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem
nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embebidos antes das
teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando todo o
comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras
se atiram sobre tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem
sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à
craveira de um puro e simples homem. (...)
“Não
se afastará, portanto, da verdade quem os tiver como os mais perigosos inimigos
da Igreja. Estes, em verdade, como dissemos, não já fora, mas dentro da Igreja,
tramam seus perniciosos conselhos; e por isto, é por assim dizer nas próprias
veias e entranhas dela que se acha o perigo, tanto mais ruinoso quanto mais
intimamente eles a conhecem. Além de que, não sobre as ramagens e os brotos,
mas sobre as mesmas raízes que são a Fé e suas fibras mais vitais, é que
meneiam eles o machado. (...)
“(...)
continuam a derramar o vírus por toda a árvore, de sorte que coisa alguma
poupam da verdade católica, nenhuma verdade há que não intentem contaminar
(...) com tal dissimulação que arrastam sem dificuldade ao erro qualquer
incauto; e sendo ousados como os que mais o são, não há consequências de que se
amedrontem e que não aceitem com obstinação e sem escrúpulos (...)
“Acrescente-se-lhes
ainda, coisa aptíssima para enganar o ânimo alheio, uma operosidade incansável,
uma assídua e vigorosa aplicação a todo o ramo de estudos e, o mais das vezes,
a fama de uma vida austera.
“Finalmente,
e é isto o que faz desvanecer toda esperança de cura, pelas suas mesmas
doutrinas são formadas numa escola de desprezo a toda autoridade e a todo
freio; e, confiados em uma consciência falsa, persuadem-se de que é amor de
verdade o que não passa de soberba e obstinação” (São Pio X, Encíclica Pascendi
Dominici Gregis).