Durante a Baixa Idade Média (e até um bocadinho antes),
houve o hábito de enxertar os cânticos do próprio e do ordinário com tropos. O
Concílio de Trento acabou com isso; e o único que sobreviveu na Edição Vaticana
de 1908 do Gradual Romano foi exatamente o primeiro de todos, do introito do 1º
Domingo do Advento (página 1):
Bom, a verdade é que está lá so para enfeitar a primeira
página juntamente com o boneco, tanto assim que os neumas nem se veem muito
bem. Aqui está ele noutra versão (com a melodia um pouco diferente) do site
alemão Gregor und Taube (com uma tradução interlinear para alemão e tudo):
Ora, o Santíssimo Gregório com preces rogara ao Senhor que
lhe desse do alto o tom músico em melodias. Então, sobre ele desceu o Espírito
Santo, sob forma de pomba, e iluminou-lhe o coração; e ele começou enfim a
cantar, dizendo assim: Para Ti elevei a minha alma...
A propósito dos tropos, acho que vale a pena fazer uma
comparação com os cânticos que por aí se ouvem hoje em dia durante a grande
maioria das Missas no nosso país.
- A sua letra não era litúrgica, mas era claramente melhor que
muitos cânticos de agora. Basta pensar que era inspirada pelo texto litúrgico
em que se inseriam.
- Os tropos complementavam os textos litúrgicos, mas não os
substituíam, o que é muito melhor que o se faz quase sempre hoje em dia, que é
substituir o texto litúrgico por outra coisa qualquer. Mesmo muitos
compositores de música litúrgica se acham autorizados a massacrar os textos,
mudando versículos, juntando ou cortando palavras, enfiando frases (muitas
vezes com a desculpa de que é para a assembleia participar melhor).
- Os tropos cantavam-se em canto gregoriano, o que é muito
melhor que a música da maioria dos cânticos que por aí se ouvem.
- Em suma, ainda bem que o Concílio de Trento acabou com os
tropos: mas o certo é que hoje em dia a situação é ainda pior do que era quando
havia tropos a torto e a direito a interromper a liturgia.
FONTE: Publicado 1st December 2012 por Duarte Valério