Nascida em Foligno, na
Itália, Ângela era filha de pais nobres, e deles recebeu aprimorada educação.
De beleza não comum, de maneiras afáveis, Ângela, bem nova ainda, contraiu
núpcias com um cavalheiro distintíssimo de sua terra. Abençoada de prole numerosa,
não lhe faltaram os cuidados múltiplos de mãe de família; mas tempo bastante
lhe sobrava para dedicar-se a caprichos de vaidade, a festas e divertimentos de
toda a sorte. Esta mudança no pensar e proceder da filha era objeto de sérias
apreensões da parte dos pais, que não perderam ocasião de mostrar a Ângela a
inconveniência de sua conduta. Debalde foram esses esforços e as admoestações
dos pais. Ângela contrapunha as exigências de sua posição, a que entendia dever
sacrificar as aspirações religiosas.
Não obstante, os conselhos
paternais não perderam de todo o valor. Ângela, que a princípio tanto amor
manifestava às coisas frívolas desse mundo, mais tarde confessou: “Descontente
de mim mesma, comecei a pensar seriamente em minha vida. Deus fez-me conhecer
os meus pecados, e minha alma encheu-se de pavor, prevendo a possibilidade de
minha condenação; tamanha era minha vergonha, que não achei coragem de
confessar todos os pecados, do que resultou que diversas vezes recebi os santos
Sacramentos sacrilegamente. Vi minha
consciência atormentada dia e noite. Pedi a Nossa Senhora, que me conduzisse a
um sacerdote esclarecido, ao qual pudesse fazer minha confissão geral. Esta
oração foi ouvida; não senti, porém, nenhum amor a Deus, mas tanto mais
arrependimento, dor e vergonha dos meus pecados”. Feita a conversão, Ângela
ficou firme nas resoluções e fiel no cumprimento dos deveres.
Esta constância mereceu-lhe
ainda graças preciosíssimas; a dum grande e perseverante arrependimento dos
pecados e uma devoção terníssima à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo.
Embora se lhe tornasse difícil, ajudada pelo auxílio da graça divina, Ângela
modificou radicalmente a vida. Antes tão ávida de diversões, procurou em
seguida os doces e suaves prazeres do lar; antes vaidosa e opulenta, dispôs das
jóias, transformando-as em ricas esmolas; antes dissipada, tornou-se amante do
recolhimento e da meditação. “Tudo isto – ela mesma confessou – me era
extremamente difícil; faltava-me ainda o doce consolo do amor de Deus, que
suaviza as coisas mais difíceis; era obrigação minha agradar a meu esposo e
tomar em consideração os deveres do meu estado, por maior que fosse minha
vontade de abandonar tudo e morrer a mim mesma”.
Estava determinado nos
planos de Deus que, com prazo de poucos intervalos, Ângela perdesse o marido e
todos os filhos.
Indizível lhe era o
sofrimento. A graça de Deus, porém, preparando assim para Ângela o caminho da
perfeição, fez cicatrizar também estas feridas.
Ângela, livre de todos os
laços que a prendiam à terra, santificou sua viuvez ao pé do crucifixo, fazendo o voto de
castidade e pobreza e pediu admissão na Ordem Terceira de São Francisco. A
vaidade, a sensibilidade, a febre do desejo de agradar aos homens, deram lugar
à humildade, à mortificação e ao amor de Jesus Crucificado. A devoção à Sagrada Paixão e Morte de Nosso Senhor
tomou-lhe posse da alma e de todas as aspirações. Na meditação dos sofrimentos
do Homem Deus achou paz e consolo.
Jesus distinguiu-a com
aparições e fê-la participar da cruz. Grandes eram os seus sofrimentos
corporais e espirituais; de todos o maior era uma contínua perseguição
diabólica. O demônio, apresentando-lhe continuamente ao espírito a vida
pecaminosa de outrora, queria arrancar-lhe a fé na misericórdia divina, no
valor de suas obras de penitência e importunava-a com tentações as mais
terríveis contra a santa pureza, tanto que Ângela mesma confessa: “Seria mais
tolerável para mim sofrer todas as dores, suportar as torturas mais horrorosas
dos mártires, que me ver exposta às tentações diabólicas contra a pureza”.
A oração e as obras de
caridade foram as armas com que venceu nesta luta tremenda. Quotidiana era sua
visita aos pobres doentes no hospital, aos quais, além da esmola espiritual,
levava também o socorro material, ganhando assim as almas para Jesus Cristo.
Assim correu a vida de Santa
Ângela, até o dia em que Deus a chamou para a eterna recompensa. No dia que lhe
precedeu a morte, sentiu-se livre de todas as dores e tentações e uma
felicidade celestial inundou-lhe a alma. Nesta disposição recebeu os santos
Sacramentos, e entrou no reino da glória, no dia da oitava da Festa dos
Inocentes, conforme tinha profetizado. O Papa Inocêncio XII inseriu-lhe o nome
no catálogo dos Santos da Igreja.
ASSIM eu lhe suplico: Leia
as palavras de JESUS a Santa Ângela de Foligno que seguem. MEDITE!
“Oh! Mulher, repara em Mim, flagelado e
coroado de espinhos! Contempla as Minhas Chagas e as Minhas Feridas! Depois...
escuta e reflete:
Durante a Minha vida
terrena, vivi como manso cordeiro; fui ao Calvário, sem abrir a boca; tratei
com doçura a samaritana e ela se converteu; comovi o coração de Maria Madalena,
a pecadora e a fiz predileta e uma santa; ao cruzar as ruas da Palestina,
pronunciava palavras de Luz, de Paz e de Amor; os Meus ensinamentos eram doces
como mel. Mas um dia, ao lançar um olhar divino por todos os séculos, vendo
como o mal inundava, impetuoso e ultrajava os Meus Templos, pronunciei palavras
de fogo: “Ai do mundo por causa dos seus escândalos!... Ai de quem escandalizar!
Seria melhor que lhe atassem uma pedra de moinho ao pescoço e o arrojassem no
mar!”.
Quem pronuncia este “AI”, é um DEUS
abandonado por muitos sacerdotes, religiosos e leigos que não vivem, realmente,
o que lhes preguei. Sou Eu, JESUS, que sofri tanto para salvar as almas; sou Eu
o Juiz Supremo da Humanidade, dessa humanidade que entre outros pecados, Me
crucifica novamente com as sua modas indecentes! Eu pronunciarei a sentença
eterna para cada alma: Paraíso.... ou inferno!
Reflete, mulher, que segues a moda
licenciosa e pensa com serenidade, um momento, sobre os graves escândalos que
provocas aos que te olham, te desejam e te ferem com frases grosseiras, por
causa de tuas roupas ajustadas, transparentes, decotadas e curtas.
Oh mulher, porque ultrajas os Meus
templos, fazendo exibição do teu corpo? Porque só te ocupas em agradar e tentar
os homens?! Porque transformas a Minha Casa de Oração num lugar de anatomia,
onde abundam cabeças, troncos, extremidades e até a marca de tua roupa
interior? Os Meus templos são profanados por causa das tuas roupas sensuais e
provocadoras.
Diz-Me, mulher, as tuas virtudes onde
estão? O teu pudor, a tua modéstia, a tua humildade, onde estão? As tuas modas,
que tanto tentam, são diferentes das de uma atéia? Absolutamente nada! Podes
até iludir-te, a ti própria dizendo: “Que mal há em seguir esta moda?” ou “As
outras mulheres também o fazem!” e... “Há sacerdotes que não proíbem e até
aceitam!”... Esta ilusão é para ti, mas
a realidade é bem outra diferente. A conduta incorreta de tantas mulheres,
mesmo cristãs, não justifica a má conduta própria. Se as outras mulheres se
quiserem condenar, seguindo o que o mundo lhes apregoa, porque hás tu de te
condenar?
Todos os pecados que provocam nos
outros, as tuas calças “coladas”, shorts, mini-saias, blusas e vestidos
transparentes e decotados, fora ou dentro da Igreja, são imputáveis aos que te
olham, mas mais que a ninguém, são imputáveis a ti, que és a sua causa
voluntária.
Eu, o Legislador Divino, disse: Se
alguém olhar para uma mulher com malícia, já pecou em seu coração.A moral que
Eu ensinei é una, inviolável e eterna, enquanto que as modas são muitas. A
Minha Igreja, não tem modas! O mundo tem-nas todas. Se, realmente, Me amas...
deves seguir a Minha Vida, cheia de abnegação e sacrifício... Por isso deves
abandonar as modas que atentam contra a Moral e a Fé!
Estreita é a porta que conduz ao Céu e
larga a que leva ao inferno; a maioria elege a última. Estar contra as modas
indecentes e não as usar é muito difícil; é necessário muito amor para Comigo,
para não se deixar arrastar por elas.
Eu fui enviado ao mundo, não para fazer
a Minha Vontade, mas a d’Aquele que Me enviou. Tu foste enviada ao mundo, não
para viver, fazer e usar o que te apetece, mas para realizar a Minha Santa
Vontade. Ou tu estas Comigo, ou estás contra Mim! Ou estás Comigo, ou estás com
as modas sem pudor... o que escolheres dar-te-á a eternidade da Minha Glória ou
a eternidade das penas.
Quando a morte te arrancar deste mundo,
cheio de vaidades e luxos sem razão e chegardes a Minha Presença para ser
julgada... vendo os pecados que os homens cometeram ao olhar para o teu corpo
escassamente coberto, tu própria ficarás envergonhada.
Que
pretexto poderás então apresentar-Me? Ai de ti mulher pelos teus escândalos! Ai
de ti que perdeste o pudor e a vergonha! Porque procedes assim? Porque me
crucificas novamente com os cravos da tua imodéstia?
Quando, de forma irrespeitosa, Me recebes
na Comunhão, quanta amargura sinto ao entrar no teu corpo, que é motivo de
tantos pecados nos homens e de mau exemplo para as poucas mulheres que tu, com
desdém e desprezo, chamas “antiquadas”,! Asseguro-te, que muitas destas
antiquadas estão Comigo, enquanto muitas “modernas” sem pudor, como tu, estão
“gozando” no inferno”.
Os casamentos que se celebram, também
esbofeteiam ao Meu Rosto, quando as noivas e madrinhas se aproximam do Altar
meio despidas, assim como muitas de suas convidadas... Tem a hipocrisia tal,
que mesmo semi-nuas, levam no pescoço uma formosa cruz metálica, sinal de sua
“grande catolicidade”. A verdade é que são sepulcros branqueados, cheios de
luxo por fora e... vazias de humanidade e caridade por dentro.
Ai, ai, ai! De todos aqueles sacerdotes
que temem, ou não querem proibir que se espezinhem e profanem os Meus templos,
com a nudez das modas. Muitos deles, deixaram-se seduzir pela sua presença e
não querem ser rigorosos no cumprimento dos seus deveres. Eu fui atraiçoado por
um falso apóstolo. E hoje, há falsos sacerdotes, religiosos e leigos, que, de
forma clandestina, estão trabalhando para destruir a Minha Igreja. Falseiam a
Minha Doutrina, permitindo tudo e criando um cristianismo fácil...
Nos Meus Templos vêem-se coisas mais
profanas. Por exemplo: Maquilagens, penteados exóticos, jóias, amuletos, óculos
de sol, finos e raros tecidos... Outros, por sua vez, dedicam-se a comer,
fumar, mastigar pastilhas elásticas, conversar, dormir, estudar, namoriscar, cruzar
as pernas, aplaudir, bailar, cantar canções profanas e os “parabéns a você”,
bisbilhotar, passear admirando obras de arte, tirar fotos durante a Santa
Missa, etc. etc, como se estivessem num pic-nic. Pobres deles! Estão
convertendo a Minha casa de Oração em lugar de pecados e...ninguém sai em Minha
defesa...Todos calam e fogem.. Ninguém se arrisca e todos lavam as mãos como
Pilatos... Onde estão os que deram a sua vida por Mim?
Se um político, um desportista ou um
artista lhes dizem: “Façam isso! Usem aquilo!”, todos o imitam... Eu, em troca,
prometo-lhes o Prêmio Eterno se cumprirem os Meus Mandamentos e quase ninguém
faz caso dos meus convites.
Ai, ai, ai! Das minhas religiosas que,
nas suas instituições e Colégios, não aconselham as suas alunas sobre a sã e
correta maneira de se vestirem!...
Ai, ai, ai! Das freiras que adaptam sua
vestimenta às das mulheres mundanas; os vossos pecados estão a esgotar a Minha
Paciência!...
Ai, ai, ai! Dos pais e mães que, seguindo
o ritmo imoral das modas, pervertem os filhos com o uso das mesmas e os tornam
motivo de escândalo!...
Ai, ai, ai! De todos aqueles seculares
que não resolvem aconselhar com energia tantos irmãos equivocados, sobre a
necessidade e a obrigação de abandonarem as modas e ações que desvirtuam o Meu
Evangelho!....
Ai, ai, ai! De todas aquelas pessoas que,
de uma ou outra maneira, fomentam, comercializam e permitem toda espécie de
despudor! Sei muito bem que quereis corromper a mulher para assim, com mais
facilidade, destruirdes a Minha Igreja, a Família e a Pátria!...
A todas as pessoas digo: É responsável do
pecado quem o comete e quem, tendo o dever de impedi-lo, covardemente o não
impede! “Tomam-se severas medidas para lutar contra a fome, as pestes a pobreza
e as impurezas da atmosfera, mas contempla-se com complacência, a contaminação
dos espíritos” ( S.S.Paulo VI)
A Minha Justiça destruiu as cidades
imorais de Sodoma e Gomorra. Pior será o castigo que terá lugar dentro de pouco
tempo, como vem anunciando a Minha Santíssima Mãe em La Salette, Lurdes, Fátima
e outros lugares.
Oh! Almas que viveis no lodo imoral, na
vida cristã fácil, cômoda e libertina, semeando por toda a parte a morte
espiritual, olhai-Me crucificado..! Meditai sobre o inferno, onde caem as
tantas almas que, no seu tempo, viveram dando-se a todos os gostos, prazeres,
modas, diversões, etc. etc. Que será de vós?
As mulheres que quando viviam eram louvadas,
aplaudidas, admiradas, imitadas e perseguidas por tanto exibicionismo dos seus
corpos, agora, quem se recorda delas? Onde estão as suas conquistas? Onde estão
o seu dinheiro, jóias, fama? Onde estão os corpos que tanto mostravam? Fogo
eterno os consome, fogo que devora e não mata... Ao contrário, as que aqui
viviam modestamente, suportando azedas críticas e zombarias que ferem, por
causa de seu pudor e respeito para Comigo, gozam para sempre a eternidade na
Minha companhia e na de Maria, Minha Mãe Santíssima.
Se a tua mão, o teu pé, o teu olho
ou... as tuas modas são motivo de escândalo, corta-os e atira-os para longe de
ti, pois mais te vale entrar SEM eles no Reino dos Céus, que caíres COM os mesmos no Fogo Eterno. Quem teme e respeita
os homens e as modas não é digno de Mim!
A todos os homens e mulheres digo:
Apartai-vos das modas ofensivas e pecaminosas... ainda que percais a família,
amigos, dinheiro, fama e a própria vida.
Aos meus fiéis bispos, sacerdotes,
religiosas e seculares, convido-os a quem com Prudente Valentia, defendam a
Minha Causa e os Meus templos do aviltamento das modas obcenas e vergonhosas;
caso contrário, o Braço da Minha Divina Justiça cairá rigoroso sobre todos
aqueles que tem obrigação de dar testemunho da Minha Vida.
Bem aventurado quem escuta as Minhas
Palavras e as pratica!
Posteriormente, JESUS foi consultado se
esta mensagem não seria forte demais e ferir a certas pessoas, Ele respondeu:
Ainda que faleis palavras de verdade
que possam ferir... essas feridas serão a salvação. Falai a verdade, porque a
verdade só pode ferir àquele que não pertence a verdade... E essas Palavras
procedem do Meu Espírito. Ainda vos digo mais: Não gosto da covardia! Eu não Me
ocultei para falar as Palavras do PAI”.
Reconhecendo, humildemente a sua culpa,
Santa Angela, começou a fazer uma pormenorizada e perfeita confissão de todas
as suas culpas, nos mínimos detalhes. Então, para cada detalhe, por mínimo que
fosse, JESUS expôs a ela a imensidão de seu sofrimento, dizendo-lhe:
“Minha filha, mesmo que estivesses
contaminada por mil doenças, mesmo que estivesses morta por mil mortes, Eu
poderia curar-te com o remédio do Meu Sangue, sendo apenas necessário que tu
quisesses lavar Nele a tua alma”.
Esses pecados do teu corpo, que
acabastes de Me confessar, uma a um, mostrando uma verdadeira dor, por teres
desagradado a DEUS com eles e os quais incorrestes com o lavar, pentear, ungir,
pintar, decorar, encaracolar teus cabelos, com o dar vistas, com o
envaidecer-te, com a procura da vanglória e com os quais aparecestes ao olhos
do mundo como uma inimiga de DEUS e merecestes, aos olhos do PAI, o mais
profundo lago do inferno, o desprezo eterno e a eterna abjeção, todos estes
pecados, Minha filha, EU Mesmo os redimi com o Meu vivo sangue e com a
penitência e mortal da Minha Paixão.
De fato, para descontar a vaidade dos
penteados, das pomadas, dos perfumes com que tornaste bem luzidias,
encaracoladas e triunfantes as tuas cabeleiras, os Meus cabelos foram
arrancados, a Minha fronte foi trespassada, a Minha cabeça foi ferida, chagada,
ensopada em sangue e exposta à chacota sob uma vil coroa de espinhos.
Também pelos pecados do teu rosto, em
que tu própria incorreste, perfumando-o, maquilando-o, expondo-o aos olhares
impuros dos homens e sentindo prazer com seus cobiçosos louvores, Eu mesmo te
dei o remédio da Minha dor, uma vez que,
em desconto destes pecados, todo o Meu rosto foi manchado e desfigurado
com sórdidos escarros e as Minhas faces deformadas e inchadas pelas atrozes
bofetadas, tiveram que passar pelo contato de um pano sujo e humilhante.
Pelos pecados dos teus olhos, com que
tu olhaste para coisas vãs e nocivas, sentindo tantas vezes deleite, a vista do
mal alardeado ou exibido contra DEUS, senti os Meus olhos queimarem-Me, pelo
amargor das lágrimas e pelo acre do sangue que, escorrendo da Minha cabeça, me
punha diante de um obscuro e mudo véu.
Pelos pecados dos teus ouvidos, com que
ofendeste a Deus, ouvindo coisas vãs e malignas e comprazendo-te nelas, Eu fiz
a maior penitência que se pode imaginar: ouvi as palavras mais atrozes e
abjetas, as falsas acusações, as repulsas, os insultos, as maldições, as
chacotas, as blasfêmias, a iníqua sentença de morte, pronunciada por todo um
povo e, o que mais Me encheu de angustia, o pranto chorado por Mim na terra,
pela Minha mãe, por toda a Minha abandonada dor.
Pelos pecados da tua boca e da tua
garganta, com que satisfizeste, com alimentos saborosos e bebidas excelentes,
tive Eu a boca definhada pela fome, pelo enjôo e pelo ardor e enfastiada pelo
vinagre, pela mirra e pelo fel.
Pelos pecados da tua língua, sempre
disposta para as rejeições, para as calúnias, para as chacotas, para as
maldições, para as blasfêmias, para os perjúrios e para as palavras
pecaminosas, tive Eu a Minha língua, que não poderia falar senão em verdade,
muda e imóvel perante os falsos juízes e falsos acusadores e pelos Meus
próprios carrascos, pelos que Me crucificaram.
Pelos pecados do teu olfato, que sempre
se deleitou com flores bem cheirosas e com frescos perfumes, senti Eu o fedor
abominável dos escarros e suportei-os na Minha própria face, nos olhos e nas
narinas.
Pelos pecados que fizeste com o teu
pescoço, agitando-o na ira, na soberba, na sensualidade e empertigando-o
orgulhosamente contra DEUS, tive Eu o Meu pescoço inteiriçado e curvado para a
terra, pelas punhadas e pelas cotoveladas.
Pelos pecados dos teus ombros e das tuas
costas, que tu tens, com falsa docilidade, tantas vezes curvados sob agradáveis
pesos da vaidade, da conveniência, da indiferença, arrastei Eu fatigosamente a
pesada Cruz, de todo o Meu corpo, que se sentia já antecipadamente suspenso.
Pelos pecados das tuas mãos e dos teus braços,
com os quais tu cometeste tantas ações más, com os quais tocastes tantas coisas
impuras e abraçastes tanta carne, as Minhas mãos, trespassadas por cavilhas
duras e aguçadas, foram pregadas a Cruz e esmagadas e apertadas pelas grossas
cabeças dos cravos, tiveram que suster o peso desamparado de todo o Meu corpo.
Pelos pecados do teu coração, tantas vezes
agitado pela ira, pela inveja, pela maldade, pelo amor impuro, pelas abjetas
concupiscências, pelas sôfregas ambições, o Meu Coração e o Meu Peito,
trespassados por uma agudíssima lança, derramaram abundantemente o remédio para
curar todas as paixões do coração humano, ou seja, a água para extinguir o
ardor das abjetas concupiscências e amores doentios e o Sangue, para acalmar as
iras, as maldades e os rancores.
Pelos pecados dos teus pés, com os quais
dançaste perdida e sensualmente te balançaste, neste teu andar peneirento e
impensadamente vagueaste, afastando-te do reto caminho e da meta, Eu tive os
Meus pés, não ligados por tortuosa corda, mas trespassados e cravados no
madeiro da Cruz, com um único, rígido e quadrado cravo; e, em vez dos teus
sapatinhos de bico e perfurados, os Meus pés foram cobertos pela vermelha rede
que sobre eles fazia o sangue, descendo a riachos das Minhas feridas abertas.
Pelos pecados de todo o teu corpo, com que
tão voluntariamente te entregaste a luxos molengões, ao sono, ao ócio, Eu fui
horrivelmente flagelado, estendido e retesado na Cruz, como uma pele, cravado
no madeiro e tão apertadamente, que senti em todo o Meu corpo a sua áspera
dureza, enquanto um verdadeiro banho de sangue vertia dos meus membros até a
terra. E assim, estive entregue a um atrocíssimo tormento, até que, morto por
cruéis carnífices, exalei o Meu Poderoso Espírito.
Pelos pecados que tu cometeste,
enfeitando-te com vestidos, modas e adornos supérfluos, vãos, estranhos e mesmo
ridículos, Eu fui colocado na Cruz nu, tal como nasci da Virgem, estive ao
vento, ao frio, ao ar que me rodeava de todas as partes, estirado e exposto aos
olhares dos homens e das mulheres, lá bem no alto, a fim de que melhor me
vissem e mais fosse escarnecido e mais sofresse as lancetadas da vergonha.
Pelos pecados que cometeste, adquirindo mal
as tuas riquezas, estimando-as e retendo-as mal e esbanjando-as ainda pior, Eu
fui tão pobre, que não só não tive, nem palácio, nem casa, nem simples tegúrio,
onde poder nascer ou viver, mas nem sequer quando morto, tive um túmulo onde Me
pudessem colocar. E se a piedade não tivesse movido um homem da terra a
compadecer-se da Minha miséria e a depositar os Meus despojos no seu sepulcro,
os ossos do Meu Corpo teriam sido abandonados aos cães e aves de rapina. Mas
Minha pobreza foi ainda para além de tudo isso: dei o Meu Sangue e a Minha
Vida, até a última gota, até ao último suspiro, aos desprotegidos e aos
pecadores, e, tanto em vida como na morte, tão pobre quis ser e permanecer, que
não conservei para Mim, parte alguma de Mim mesmo.
ESTAS PALAVRAS, diz Santa Angela, desciam
ao mais íntimo de minha alma, uma a uma e uma a uma, a enchiam de amargura, de
vergonha, de dor e de espanto. Via como pelos meus vergonhosos gozos sentidos,
a Alma de JEUS havia sentido, dentro de si mesma, todas dores, todas as
angustias, todas as atrocidades e todos os martírios. Que a soma de todas estas
angustias era feita num verdadeiro grito.
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