Poucos
dias depois da morte de um Jovem Frade sua alma apareceu a Frei Conrado, estando ele devotamente
em oração, diante do altar do dito convento, e o saudou devotamente como a seu
pai.
Frei
Conrado lhe perguntou:
–
“Quem és?”
Respondeu:
–
“Eu sou a alma daquele frade jovem que morreu há dias”.
E
Frei Conrado:
–
“Ó filho caríssimo, que é feito de ti?”
Respondeu
ele:
–“Pela
graça de Deus e pela vossa doutrina vou bem, porque não estou danado: mas por
certos pecados meus, os quais não tive tempo de purgar suficientemente, suporto
grandíssimas penas no purgatório: mas te peço, pai, que, como por tua piedade
me socorreste quando eu era vivo, assim agora queiras socorrer-me nas minhas
penas, dizendo por mim algum pai-nosso, porque a tua oração é muito aceita de
Deus”.
Então
Frei Conrado, consentindo benignamente no pedido e dizendo por ele uma vez o
pai-nosso com REQUIEM AETERNAM, disse aquela alma:
–“Ó
pai caríssimo, quanto bem e quanto refrigério eu sinto! Peço-te que o digas uma
outra vez”.
E
Frei Conrado disse e, dito que foi, disse a alma:
–“Santo
pai, quando tu rezas por mim, sinto-me todo aliviado; pelo que te peço que não
cesses de rezar por mim”.
Então
Frei Conrado, vendo que aquela alma era tão ajudada pelas suas orações, disse
por ela cem pai-nossos e tendo terminado, disse aquela alma:
–“Agradeço-te,
pai caríssimo, da parte de Deus pela caridade que tiveste comigo; porque pelas
tuas orações estou livre de todas as penas e me vou ao reino celestial”.
E
dito isto partiu aquela alma.
Então
Frei Conrado, para dar alegria e conforto aos frades, lhes contou por ordem
toda aquela visão.
Em
louvor de Cristo bendito. Amém.