RESUMO: Quando
o Papa Urbano IV (1261 – 1264) estabeleceu pela primeira vez a Festa de Corpus
Christi, ele pediu a Santo Tomás de Aquino (1225-1274) que compusesse seus
hinos. Este é um dos cinco belos hinos que Santo Tomás compôs em honra a Jesus
no Santíssimo Sacramento. Além de ‘Lauda Sion’, Santo Tomás redigiu ‘Adoro Te
Devote’, ‘Pange Lingua’, ‘Sacris Sollemnis’ e ‘Verbum Supernum’. ‘Lauda Sion’ é
a sequência antes do Evangelho no Corpus Christi. Os últimos dois versos
incluem o conhecido ‘Bone pastor, panis vere’.
A FESTA de CORPUS CHRISTI
CORPUS CHRISTI (expressão latina
que significa Corpo de Cristo) é uma festa católica. É um evento baseado em
tradições católicas. É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da
Santíssima Trindade, que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de
Pentecostes. É uma "Festa de Guarda", isto é, para os católicos, é
obrigatório participar da Santa Missa neste dia, na forma estabelecida pela
conferência episcopal do país respectivo. A procissão pelas vias públicas,
quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cânone
944) que determina ao bispo diocesano que a providencie, onde for possível,
"para testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a
Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo." É recomendado que, nestas datas, a não ser por causa grave e
urgente, não se ausente da diocese o bispo (cânone 395).
MILAGRE de BOLSENA-IT
A
origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao século XIII. O papa
Urbano IV, na época o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, arcediago do Cabido
Diocesano de Liège, na Bélgica, recebeu o segredo da freira agostiniana Juliana
de Mont Cornillon, que teve visões de Cristo demonstrando desejo de que o
mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque. Por volta de 1264, em uma
cidade próxima a Orvieto (onde o já então papa Urbano IV tinha sua corte),
chamada Bolsena, ocorreu o Milagre de Bolsena, em que um sacerdote celebrante
da Santa Missa, no momento de partir a Sagrada Hóstia, teria visto sair dela sangue,
que empapou o corporal (pano onde se apoiam o cálice e a patena durante a
Missa). O papa determinou que os objetos milagrosos fossem trazidos para
Orvieto em grande procissão em 19 junho de 1264, sendo recebidos solenemente
por Sua Santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a
primeira procissão do Corporal Eucarístico de que se tem notícia. A festa de
Corpus Christi foi oficialmente instituída por Urbano IV com a publicação da
bula Transiturus em 8 de setembro de 1264, para ser celebrada na quinta-feira depois
da oitava de Pentecostes.
Para
um maior esplendor da solenidade, desejava Urbano IV um Ofício para ser cantado
durante a celebração. O Ofício escolhido foi composto por São Tomás de Aquino,
cujo título era Lauda Sion (Louva Sião). Este cântico permanece até a
atualidade nas celebrações de Corpus Christi.
O
decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, porque o papa morreu em seguida,
menos de um mês depois da publicação da bula Transiturus. Mas se propagou por
algumas igrejas, como na diocese de Colônia, na Alemanha, onde Corpus Christi é
celebrada desde antes de 1270. A procissão surgiu em Colônia e difundiu-se
primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma, é encontrada desde
1350.
A
Eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando
Jesus disse: "Este é o meu corpo... isto é o meu sangue... fazei isto em
memória de mim". Segundo Santo Agostinho, é um memorial de imenso
benefício para os fiéis, deixado nas formas visíveis do pão e do vinho. Porque
a Eucaristia foi celebrada pela primeira vez na Quinta-Feira Santa, Corpus
Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o vinho sangue de Jesus
Cristo, em toda Santa Missa, mesmo que esta transformação da matéria não seja
visível.
Corpus
Christi é celebrado 60 dias após a Páscoa, podendo cair, assim, entre as datas
de 21 de maio e 24 de junho.
HINO LAUDA SION de SÃO TOMAS de AQUINO
LAUDA Sion Salvatorem,
lauda ducem et pastorem,
in hymnis et canticis.
Quantum potes, tantum aude:
quia maior omni laude,
nec laudare sufficis.
Laudis thema specialis,
panis vivus et vitalis
hodie proponitur.
Quem in sacrae mensa cenae,
turbae fratrum duodenae
datum non ambigitur.
Sit laus plena, sit sonora,
sit iucunda, sit decora
mentis iubilatio.
Dies enim solemnis agitur,
in qua mensae prima recolitur
huius institutio.
In hac mensa novi Regis,
novum Pascha novae legis,
phase vetus terminat.
Vetustatem novitas,
umbram fugat veritas,
noctem lux eliminat.
Quod in coena Christus gessit,
faciendum hoc expressit
in sui memoriam.
Docti sacris institutis,
panem, vinum in salutis
consecramus hostiam.
Dogma datur christianis,
quod in carnem transit panis,
et vinum in sanguinem.
Quod non capis, quod non vides,
animosa firmat fides,
praeter rerum ordinem.
Sub diversis speciebus,
signis tantum, et non rebus,
latent res eximiae.
Caro cibus, sanguis potus:
manet tamen Christus totus
sub utraque specie.
A sumente non concisus,
non confractus, non divisus:
integer accipitur.
Sumit unus, sumunt mille:
quantum isti, tantum ille:
nec sumptus consumitur.
Sumunt boni, sumunt mali:
sorte tamen inaequali,
vitae vel interitus.
Mors est malis, vita bonis:
vide paris sumptionis
quam sit dispar exitus.
Fracto demum sacramento,
ne vacilles, sed memento
tantum esse sub fragmento,
quantum toto tegitur.
Nulla rei fit scissura:
signi tantum fit fractura,
qua nec status, nec statura
signati minuitur.
Ecce Panis Angelorum,
factus cibus viatorum:
vere panis filiorum,
non mittendus canibus.
In figuris praesignatur,
cum Isaac immolatur,
agnus Paschae deputatur,
datur manna patribus.
Bone pastor, panis vere,
Iesu, nostri miserere:
Tu nos pasce, nos tuere,
Tu nos bona fac videre
in terra viventium.
Tu qui cuncta scis et vales,
qui nos pascis hic mortales:
tuos ibi commensales,
coheredes et sodales
fac sanctorum civium.
Amen. Alleluia.
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Louva,
Sião, o Salvador,
o
teu pastor e o teu guia,
com
hinos e com cantares.
Louva-O
o mais que puderes:
supera
todo o louvor,
nem
bastante O louvarás!
Não
há mais sublime assunto,
que
nos possa ser proposto:
o
pão vivo que dá a vida!
O
mesmo que já foi dado,
ao
grupo dos doze Apóstolos,
quando
da última Ceia!
Seja
perfeito e sonoro
este
louvor e alegria
que
brota das nossas almas:
Porque
é solene este dia
que
nos lembra a instituição
deste
banquete divino!
Nesta
mesa de um Rei novo,
a
Páscoa da Nova Lei
fez
findar a Páscoa antiga,
Suplantando
os velhos ritos:
Dissipa
a verdade as sombras como a luz dissipa a noite!
O
que Cristo fez na Ceia,
ordenou
que se fizesse
em
memória de Si mesmo:
Com
tão divinas lições,
realiza
o sacrifício,
consagrando
o pão e o vinho.
É
um dogma p’ra os cristãos:
Converte-se
o pão em Carne,
e
o vinho passa a ser Sangue!
Não
se vê nem compreende;
mas
a fé viva garante-o
p’ra
além das leis naturais!
Sob
aparências diversas,
simples
sinais e não coisas,
grandes
mistérios se ocultam!
Carne
é o pão e vinho é o Sangue; mas sob as duas espécies palpita Jesus inteiro!
Não
se parte nem divide
por
aqueles que O recebem:
É
tomado tal qual é!
Quer
sejam mil, quer um só,
todos
recebem o mesmo,
sem
por isso O consumir!
Recebem-No
os bons e os maus,
mas
com efeitos diversos:
para
a vida ou para a morte!
Morte
aos maus e vida aos bons:
Quão
diversos os efeitos
do
mesmíssimo alimento!
Quando
a hóstia é dividida,
não
vacile a tua fé,
pois
sob cada fragmento
está
tanto como o todo!
Não
se corta a coisa em si,
mas
a aparência do pão,
sem
que em nada se lhe altere,
ou
o estado, ou a estatura!
Eis
aqui o pão dos anjos,
dado
em viático aos homens;
verdadeiro
pão dos filhos,
nunca
jamais para os cães!
Foi
já predito em figuras:
Na
imolação de Isaac,
e
o Cordeiro pascal;
e
no maná do deserto…
Ó
bom Pastor, pão autêntico!
Ó
Jesus, que olhais por nós!
Alimentai-nos!
Valei-nos!
Dai-nos
ver o bem supremo,
na
Terra dos que já vivem!
Tudo
sabeis e podeis,
Vós
que nos alimentais:
Fazei-nos
vossos convivas,
herdeiros
e companheiros,
na
pátria de vossos santos!
Amen.
Alleluia.
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