Este
conto foi escrito por um agregado da família, não formado em letras, auto-intitulado
“O Mitido”, devido a tomar tal inciativa que se deu pelo fato de que, até
então, ninguém da família registrou formalmente este fato histórico de forma
pública na literatura cearense.
Observo
que ao ouvir o referido relato desta estória pela primeira vez em 1993, desde
então nunca mais esqueci tal fato que sempre achei deveras engraçado. Desta
feita, doravante fazia questão de ouvir e re-ouvir induzindo sempre os
familiares nos Natais subsequentes a me repetirem, cansativamente, a mesma
estória.
Começemos
logo a narrativa dos fatos....
Segundo
o que me foi contado, por tradição, era mais um dia corriqueiro de festa de natal
da família Cruz Moreira que ocorria tranquilamente na sede da casa-mãe na
antiga residência localizada na av. Carapinima. E antes da matriarca servir a sagrada ceia noturna,
simblizada na figura principal do pobre e incente bípede peruano que não sabia
o motivo e muito menos a finalidade de seu assassinato encomendado - caso contrário
não teria concordado com o frigorífico - alguém alardeou esbranvejantemente aos
quatro cantos do mundo inteiro:
-
Alguém comeu o sobrecu do peru natalino.
Assim,
motivado pela intensa alegria de todos os presentes nesta santa festa e pelas
cervejas já deglutidas, iniciou-se imediatamente o processo investigativo e
especulativo que inclusive seria digno até da participação de um tal famoso Sir
Sherlock Holmes da Scotland Yard.
O processo de acareação iniciou o levantamento dos prováveis
criminosos, primeiramente, acredito eu, apontou-se ao Dau, depois ao Dano e Léa,
seguindo na sequência a artilharia ao João, Có, Fernando, Alanir, Ni, Rosângela e etc.
A meninada toda foi inocentada, pois tal ato a princípio
exigiria um plano maquiavélico de surrupiamento de alto nível intelectual a
altura estratégica de um membro do FBI, CIA ou Interpol. E até de espiões da
guerra fria, segundo alguns investigadores mais doutos sobre o assunto.
Enfim, desde aquela noite o crime natalino ficou sem
solução, pois de imediato após o crime restou ao pobre galináceo a simples condenação
ao saboreamento em grandes bocados pelos participantes da ceia, acabando por
destruir as últimas evidências para investigação dos especialistas do CSI (Criminal
Scene Investigator).
Assim, tudo virou esquecimento.
Encerrarei prematuramente este conto, pra variar, numa manhã
preguiçosa de Natal e 29 anos depois que ouvi esta estória pela primeira vez.
Mas, este conto só pertence a esta bela família Moreira, que hoje pertenço e aprendi
a amar.
Contudo, devo confessar em todas as festas natalinas desta
querida Família Moreira, iniciei de modo particular as devidas homenagens póstumas
ao protagonista histórico principal, ou seja, à vulga “ave galiforme do gênero Meleagris
Gallopavo”.
Assim, saboreio na ceia somente o tal “sobrecu”, além do fígado,
coração, moela e asas. Pois, sem estas iguarias para mim não existe ceia de Natal,
não desejo outras partes. E, vou logo
avisando, se alguém se deliciar primeiro que eu vai haver enorme kung-fu(são)
ou confusão, vou tomar satisfação em homenagem ao sobrecu do pobre peru,
rsrsrs.
De resto, apenas espero que a Família Moreira aceite esta
simples e humilde homenagem, entendendo que uma das formas de mantermos as
lembranças das pessoas mais queridas em nossos corações é revivendo as suas
histórias de vida ou acontecimentos deste tipo que nos envolveram, principalmente,
nos fatos que nos marcaram ou influenciaram o comportamento.
Assim, encerro desejando-lhes boas festas com a esperança de
grandes realizações em tempos tão difíceis.
Um grande e enorme abraço a todos! Feliz Natal!
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