Uma guerra impedida pela Virgem Maria (Nossa Senhora de Pontmain)
A noite estrelada em que Nossa Senhora impediu um exército: “Não podemos avançar. Há uma Senhora barrando o caminho”.
--x--x--x--x--x--
Título: Nossa Senhora da Esperança de Pontmain
Festa: 17 de janeiro
Aparições: 1 aparição (17 de janeiro de 1871)
Videntes: Eugène Barbadette, Françoise Richer, Jeanne-Marie
Lebosse e Eugene Friteau
Investigado: 1872
Aprovação: 02 de fevereiro de 1872 (Casimir-Alexis-Joseph Wicart,
Bispo de Laval)
Pontmain é um pequeno vilarejo francês (comuna francesa)
situado a duzentas milhas de Paris, no departamento da Mayenne, na região Pays
de La Loire. Hoje, Pontmain é um importante centro de peregrinação e culto à
Mãe de Deus. O local foi o palco da manifestação do amor divino a um povo
sofrido e apreensivo com os horrores da guerra franco-prussiana. Um amor
manifestado através da presença amorosa da Virgem Mãe naquela longínqua noite
de 17 de janeiro de 1871.
O trabalho incansável do padre Guérin, grande devoto da Mãe
de Deus e pároco da Matriz local há trinta e cinco anos em reunir o povo para a
reza do Santo Rosário todos os dias fez com que os pontaminois também
cultivassem uma ardente devoção à Virgem Maria. Os fiéis que sempre acorriam
para a oração mariana com fé e devoção, naquela tarde de 15 de janeiro de 1871
estavam apreensivos e com medo. A razão da apreensão e do medo era causado
pelos horrores da guerra entre a França e a Alemanha. Circulava no vilarejo a
notícia de que o exército prussiano, tendo chegado às portas de Laval, já se
aproximava de Pontmain. A França se encontrava devastada pela Guerra
Franco-Prussiana que ocorreu entre os anos de 1870 a 1871. O conflito
contribuiu para a formação de alguns impérios e foi considerado um dos mais
importantes conflitos do século XIX.
"Essa guerra, como o próprio nome indica, foi travada
entre o Império Francês e o Reino da Prússia, governados, à época, por Napoleão
III e Guilherme I, que tinha como primeiro-ministro Otto von Bismark,
respetivamente. A Guerra Franco-Prussiana estava permeada pela atmosfera do
Nacionalismo, ideologia política que levou à formação dos grandes impérios do
século XIX, como o inglês, o francês, o italiano, o alemão, o japonês e o
americano."
Dois dias após aquela tarde de apreensão e medo, em 17 de
janeiro, na casa da família Barbadette, Cesar Barbadette e seus dois filhos
Joseph, na época com dez anos, e Eugéne de doze anos, conversavam sobre a
ausência do filho mais velho que havia partido para a guerra a fim de defender
a pátria. Ao término daquele encontro familiar, Cesar Barbadette, se dirigiu ao
celeiro com os dois filhos para alimentar os animais que sofriam com as baixas
temperaturas.
O relógio marcava por volta de cinco e quarenta e cinco da tarde
quando os irmãos Eugène Barbadette e Joseph terminavam juntos de alimentar os
animais. Eugène ao olhar pela janela do celeiro notou que algo estranho
acontecia no céu. Olhando fixamente para o céu na parte que ficava sobre a casa
do vizinho, notou que não haviam estrelas como no restante do céu. Eugène saiu
do celeiro acompanhado do seu irmão quando de repente viram Nossa Senhora
sorrindo para eles.
Joseph, tempos depois já ordenado sacerdote relatou o que
viu nas seguintes palavras:
"Ela era jovem e alta, vestida de um manto de azul
profundo… Seu vestido era coberto de estrelas douradas brilhantes. As mangas
eram amplas e longas. Ela usava sandálias do mesmo azul do vestido,
ornamentadas com arcos de ouro. Na cabeça havia um véu preto cobrindo-lhe a
metade da testa, escondendo os seus cabelos e as orelhas e caindo sobre os seus
ombros. Acima dele, uma coroa semelhante a um diadema, maior na frente e
alargando-se para os lados. Uma linha vermelha circundava a coroa ao meio. Suas
mãos eram pequenas e estendiam-se em nossa direção, como na medalha milagrosa.
Seu rosto tinha a mais suave delicadeza e um sorriso de doçura inefável. Os
olhos, de ternura indizível, estavam fixos em nós. Como uma verdadeira mãe, ela
parecia mais feliz em olhar para nós do que nós em contemplá-la” .
Pouco tempo se passou desde o início da aparição quando duas
jovens: Françoise Richer, de onze anos, e Jeanne-Marie Lebossé, de nove anos,
juntaram-se a Joseph e Eugène. As duas jovens também vislumbravam a beleza da
esplendorosa Senhora. Os quatro videntes cheios de alegria e entusiasmo com a
aparição acabaram por chamar a atenção do pequeno vilarejo na época de 500
habitantes, que se juntaram aos videntes na propriedade dos Barbadettes; uma
verdadeira multidão. Os habitantes que acorreram para aquele local, em sua
maioria não acreditavam no que as crianças relatavam pois somente elas podiam
ver a esplendorosa Senhora. Os pais de Eugène e Josph apenas viam três estrelas
que formavam um triângulo. Diante dos fatos, o padre Guérin foi chamado ao
local:
"embora nada visse, sentiu-se tomado pela graça e
entoou o hino nascido dos lábios da própria Rainha do Céu: o Magnificat. Quando
todos cantavam, as crianças viram aparecer uma flâmula abaixo dos pés de Nossa
Senhora, na qual mãos invisíveis escreviam em letras de ouro: 'Rezem, meus
filhos'. E, enquanto a multidão prosseguia com o cântico, foi acrescentada mais
uma misteriosa afirmação: 'Deus logo vos ouvirá'. Em certo momento notaram uma
grande luz, que brilhava mais que o sol e, quando se pensava que a Mãe de Deus
partiria, uma derradeira frase foi desenhada a seus pés: 'Meu Filho se comoveu
com vossas súplicas'. Diante da misteriosa mensagem, todos mantiveram-se em
silêncio, rezando."
O silêncio profundo que envolvia aquela atmosfera mística
foi quebrado quando uma voz se levantou na multidão para entoar um canto
regional dedicado à “Virgem Mãe da Esperança”. No instante em que o canto teve
início, a esplendorosa Senhora ergueu suas mãos em direção ao céu fazendo
movimentos delicados com os dedos e dirigiu aos videntes um olhar de ternura
maternal.
Ao dirigir este olhar aos videntes, eles notaram no
semblante da Virgem uma leve tristeza. Enquanto se entoava a estrofe “Meu doce
Jesus, agora é o tempo de dar o vosso grande perdão aos nossos corações
endurecidos!” A Virgem apontou para a cruz vermelha que trazia pendente sobre o
peito. Na misteriosa cruz se podia vislumbrar nitidamente o Nosso Senhor Jesus
Cristo. Acima, uma faixa na cor branca trazia uma inscrição, era o nome de
Jesus Cristo, que estava inscrito na cor vermelha no mesmo tom da cruz. Ao
contemplar a Senhora do Céu os videntes podiam ver que seus lábios se moviam em
constante oração.
"Por ordem do pároco, todos permaneceram em vigília até
o fim da aparição, que se prolongou por mais de três horas. Além dos dois
irmãos Barbadette e das duas meninas, relatos populares narram que mais três
crianças viram Maria Santíssima no céu de Pontmain. Eram Eugène Friteau, de
seis anos, Auguste Avice, dois anos mais novo, e a filhinha do sapateiro que,
sendo ainda criança de colo, não parava de pular nas mãos da mãe, estendendo
seus bracinhos para o ar como se quisesse ir para junto de Nossa Senhora."
Com o término do canto regional, os moradores começaram a
entoar “Ave Maris Stella“. Nesse momento o crucifixo vermelho sobre o peito da
Virgem desapareceu e seu sorriso voltou a iluminar seu rosto, dissipando o
semblante tristonho. Um véu branco a cobriu, e a aparição se encerrou. O
relógio marcava nove horas da noite. A aparição havia durado mais de três
horas.
A Santa Mãe de Deus transmitiu esperança em sua aparição a
todo aquele povo que estava amedrontado com o avanço da guerra em direção a
Pontmain e interviu milagrosamente para que não chegasse àquela região que
sempre cultivou a devoção ao Santo Rosário. Naquela mesma noite, o general Karl
Von Schmidt, que era comandante do exército alemão, recebeu uma ordem para
recuar com o avanço das tropas em direção a Pontmain. As tropas pararam o
avanço em direção ao vilarejo às cinco e quarenta e cinco da tarde, o exato
horário do início da aparição. Há um registro de que Schmidt teria dito, na
manhã do dia 18: “Não podemos avançar. Mais adiante, na direção da Bretanha, há
uma invisível Senhora barrando o caminho”. Em, 10 de maio de 1871, França e
Alemanha assinaram um tratado de paz que muitos começaram a chamar de “O
Milagre de Pontmain”. Uma série de investigações foram instauradas pelas
autoridades eclesiásticas para confirmar a autenticidade dos fatos em Pontmain.
Entrevistas individuais com os videntes e exames médicos feitos nos mesmos
comprovaram que não sofriam de nenhum tipo de alucinação, atestando assim
inteira veracidade dos fatos que foram relatados no processo de investigação
Em, 2 de fevereiro de 1872, a aparição da Virgem Maria foi
aprovada como autêntica e confirmada pelo Papa Pio XI durante uma missa solene
onde Casimir-Alexis-Joseph Wicart, Bispo de Laval afirmou: "Nós julgamos
que Maria Imaculada, Mãe de Deus, apareceu verdadeiramente em 17 de janeiro de
1871 à Eugène Barbadette, Joseph Barbadette, Françoise Richer e Jeanne-Marie Lebosse
, na aldeia de Pontmain."
Em 1900 a igreja no local da aparição foi consagrada, sendo
cinco anos mais tarde, em 1905, elevada pelo Papa Pio X à categoria de
Basílica. Em 1908, a Basílica de Nossa Senhora da Esperança de Pontmain foi
solenemente dedicada na presença de dois arcebispos, quatro bispos, seiscentos
sacerdotes e 1.500 peregrinos. Em 1920, a vidente Jeanne-Marie Lebosse, que se
tornou religiosa, afirmou que havia mentido, retratando-se ao dizer que nunca
tinha visto a aparição. A retratação da vidente foi mantida em segredo até o
ano de 1971, quando foi descoberto pelo padre Renne Laurentin. Em 1932, o Papa
Pio XI concedeu um ofício e missa própria em honra de Nossa Senhora da
Esperança de Pontmain. Por autorização do Cardeal Pacelli, que tempos depois se
tornou o Papa Pio XII, aprovou-se um decreto de que a Imagem da Mãe da
Esperança fosse homenageada com uma coroa de ouro. Em 24 de julho de 1934, a
imagem foi solenemente coroada pelo Cardeal Verdier na presença de arcebispo,
bispos, sacerdotes e leigos. Os muitos peregrinos que hoje visitam a Basílica
de Pontmain recorrem à intercessão de Maria Santíssima como sendo ela o sinal
de Esperança em meio às guerras.
FONTE: Vinícius Aparecido de Lima Oliveira - Associado da Academia Marial de Aparecida.
Bibliografia:
1. FERNANDES, Cláudio. Guerra Franco-Prussiana. Mundo
Eduação, 2022. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/guerra-franco-prussiana.. Acesso
em: 07 ago. 2022.
2. A noite estrelada em que Nossa Senhora impediu um
exército: “Não podemos avançar. Há uma Senhora barrando o caminho”. Aleteia,
2022. Disponível em:
https://pt.aleteia.org/2017/02/23/a-noite-estrelada-em-que-nossa-senhora-impediu-um-exercito-nao-podemos-avancar-ha-uma-senhora-barrando-o-caminho/.
Acesso em: 07 ago. 2022.
3. FERREIRA, Angelis David. Nossa Senhora da Esperança.
Arautos do Evangelho, 2022. Disponível em: https://www.arautos.org/secoes/artigos/arte-e-cultura/historia-da-igreja/nossa-senhora-da-esperanca-282138.
Acesso em: 07 ago. 2022.
4. FERREIRA, Angelis David. Nossa Senhora da Esperança.
Arautos do Evangelho, 2022. Disponível em:
https://www.arautos.org/secoes/artigos/arte-e-cultura/historia-da-igreja/nossa-senhora-da-esperanca-282138.
Acesso em: 07 ago. 2022.
5.
PONTMAIN, France (1871). The Miracle Hunter, 2022. Disponível em:
http://www.miraclehunter.com/marian_apparitions/approved_apparitions/pontmain/index.html.
Acesso em: 07 ago. 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário