Da nação dos Godos, Sabas era filho de pais católicos, que se esmeraram em proporcionar-lhe uma educação rigorosamente católica. Vivendo no meio de arianos, com o máximo cuidado afastaram do menino todas as influências da heresia. Tiveram, pois, a satisfação de verem o filho desenvolver-se física e moralmente, sendo desde pequeno amigo da oração e das coisas divinas. Não descuidando o estudo das ciências e artes, era mestre na ciência dos Santos.
Jovem ainda, muito trabalhou pela conversão de idólatras e hereges. Mortos os pais, destinou grande parte da fortuna aos católicos pobres, que sofriam cruel perseguição da parte dos Godos. Corajosamente os defendia, sempre que as circunstâncias o aconselhavam, e seu desejo era um dia alcançar a coroa do martírio.
As autoridades e pessoas de influência, entre os Godos, eram pagãos e tudo faziam para prejudicar a religião cristã. A perseguição começou com a ordem dada aos católicos, de comerem a carne dos animais mortos no culto dos deuses. Pagãos havia que, para salvar a vida de parentes católicos, faziam clandestinamente substituir a carne sagrada por outra comum, enganando habilmente a vigilância dos guardas. Sabas declarou-se francamente contrário a esta praxe e disse não poder reconhecer como cristãos aqueles, que desta maneira pretendiam iludir pagãos e católicos. Este enérgico protesto salvou a muitos da queda. Outros, porém, achando que era excessivo esse rigor, fizeram-lhe guerra e obrigaram-no a sair daquela localidade; mas chamaram-no novamente pouco tempo depois, quando irrompeu uma perseguição mais rude ainda contra o catolicismo. Um emissário do governo apareceu no lugar onde estava Sabas, para descobrir os cristãos. Fora então combinado entre os habitantes declarar, sob juramento, que ali não existia católico nenhum. Sabas opôs-se a este plano e declarou àqueles que estavam prontos a prestar juramento: “Quanto a mim, ninguém jure, pois sou cristão”. O emissário, sabendo do incidente, citou a Sabas perante a sua presença e intimou-o a fazer declarações sobre os bens de fortuna. Descobrindo, porém, que Sabas era pobre, que nada possuía além da roupa do corpo, o magistrado tratou-o com desprezo e despediu-o.
Pela Páscoa de 372, a perseguição recrudesceu. Sabas cuidava de festejar do melhor modo possível a Páscoa. Para este fim, pretendia procurar o sacerdote Gutica, que residia em lugar distante. No meio do caminho, porém, devido a um aviso do céu, resolveu voltar e celebrar a Páscoa com o sacerdote Sansala.
Três dias depois da festa, um bando, chefiado por Atarido, filho de um príncipe daquela região, assaltou a casa do sacerdote, apoderou-se da pessoa deste e de Sabas, e levou ambos, maltratando-os de maneira bárbara. Os ferimentos, porém, infligidos a Sabas não deixaram o menor vestígio, o que grande admiração causou aos perseguidores.
Atarido, porém, em vez de reconhecer nisto a proteção divina, que Sabas visivelmente experimentava, redobrou de crueldde. Mandou que a este e a Sansala fosse servida carne dos altares pagãos. Ambos se negaram a tomá-la, e Sabas declarou: “Esta carne é impura e profana; como impuro e profano é aquele, que nô-la mandou”. Sabas estava ainda falando, quando um dos soldados, com toda força lhe arremessou a lança contra o peito. Os circunstantes julgavam já morto o santo homem, quando este sem o menor sinal de perturbação, continuou: “Pensas talvez que assim me podes matar? o golpe de lança, que contra meu peito dirigiste, não me fez maior mal, que se me tivesses atirado um floco de lã”. Atarido, ainda mais excitado, deu ordem de entregar Sabas à morte.
Os soldados, movidos por sentimentos humanos, ofereceram-lhe ocasião de evadir-se. Sabas, porém foi conduzido à margem do rio Mussovo, afluente do Danúbio, para ser afogado. Longe de sentir tristeza, manifestou a maior satisfação, por ter sido achado digno de morrer pela fé. Os soldados, movidos por sentimentos humanos, ofereceram-lhe ocasião de evadir-se. Sabas, porém, disse-lhes: “Fazei o que vos for ordenado. Vejo na outra banda o que não vedes. Vejo ali os mensageiros de Deus, que vieram buscar minha alma e conduzi-la à glória eterna”. Os soldados então o amarraram e atiraram à água. Este acontecimento teve lugar aos 12 de abril de 372, quando eram imperadores Valentiniano e Valente.
Martírio de São Sabas
Os soldados tiraram da água o corpo do mártir, deixando-o insepulto na areia. Júnio Sorano, duque da Scítia e grande servidor de Deus, mandou buscá-lo e decentemente enterrar na Capadócia.
Retirado e adaptado do livro: Lehmann, Pe. João Batista , S.V.D., Na Luz Perpétua, Lar Católico, Juiz de Fora, 1956
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