Na manhã do dia 25 de março, Jesus se fez
presente à minha alma mais vezes: sentia um recolhimento interno, que por graça
de Deus nada podia me distrair; ao meio dia sinto que o meu anjo me bate no
ombro e me diz: «Gemma, venho em nome de Jesus a exaurir a sua promessa». Não
sabia o que pensar; fiquei admirada em escutar aquelas palavras. “«Filha»
acrescentou, «eu sou o teu guarda, mandado da Deus; eu venho para fazer-te
entender um mistério, maior que todos os outros mistérios”.” Era estupefata,
ainda não entendia... O meu anjo percebeu e me disse: “Lembras, 12 dias atrás,
aquilo que te prometi”?. Pensei e logo me veio a mente. "Sabes, oh minha
filha, que eu te falarei sobre Maria Santíssima, de uma moçinha tão humilde
diante do mundo, mas de uma infinita grandeza diante de Deus; te falarei da
mais linda, da mais santa de todas as criaturas; da filha predileta do
Altíssimo, daquela que vinha destinada à incomparável dignidade de mãe de
Deus".
... Era já noite adentro e Maria Santíssima
estava sozinha no seu quarto: rezava, era toda compenetrada em Deus. De repente
aparece uma grande luz naquele mísero quarto e o arcanjo, transformando-se em
corpo humano e circundado da um numero infinito de anjos, vai perto de Maria,
reverente e majestoso. A reverência como Senhora, sorri a ela como anunciador
de uma bela noticia e com doces palavras assim lhe diz: "Ave, o Maria, o
Senhor é com ti. A bendita tu és entre todas as mulheres". O belo, o grande
e sublime augúrio, que na terra nunca se escutou nem se escutará jamais!
..."Apenas o arcanjo celeste pronunciou
estas palavras, silenciou, quase esperando o sinal dela para explicar a sua
divina embaixada. Maria, porém, escutando a surpreendente saudação, se inquietou;
se calou e pensava. Mas talvez crias, ó filha minha, que a Maria não tivessem
descido os anjos do paraíso? Ela a cada momento gozava da visita e dos doces
colóquios... Ela não vai investigar na sua mente o significado misterioso, mas
se inquieta porque; acredita ser indigna da saudação Angélica. Ah! Filha
minha", me repetia, "se Maria tivesse sabido quanto a sua humildade
fosse de agrado ao Senhor, não se teria sentido indigna dos obséquios de um
anjo. "Como, dizia para si mesma, "um anjo de Deus me chama cheia de
graça, enquanto eu me reconheço não merecedora de qualquer divino favor?
"Como, pensava Maria, "um anjo do paraíso me chama bendita entre as
mulheres, enquanto sou entre as mulheres a mais inútil, a mais vil, a mais
abjeta? Qual mistério se esconde atrás do véu desta sublime saudação?...
"À saudação do anjo, Maria não havia
dado nenhuma resposta; então Gabriel para acalmá-la repetiu: “Não temer, o
Maria, tu és a única que encontrou graça diante o Altíssimo”. Deste momento
conceberás no teu seio um filho, o chamará com o nome de Jesus e da todos será
chamado Filho do Altíssimo: a ele será dado o trono de Davi, reinará em eterno
e o seu reino não terá fim". Com estas sublimes palavras o arcanjo
explicou tudo o que devia a Maria... "O anjo já havia manifestado à Virgem
o mistério da grande missão, isto è, que ela estava para ser a mãe do Filho do
Altíssimo. Mas ela, olhando na direção do anjo, lhe disse: "E em que modo
poderá acontecer isto, se eu conservo o meu candor virginal?”(Já tinha sido
prognosticado por Isaias, que dizia que o Cristo devia nascer da mãe virgem)...
Saiba, aqui me disse o meu anjo, "que Maria Santíssima, com um exemplo
jamais ouvido, desde início da sua vida tinha consagrado ao celeste esposo das
almas castas a sua flor virginal e, mesmo que não fosse sujeita a tentações,
não havia deixado de conservar aos seus lirios entre as espinhas da
mortificação.
"Refleti", me dizia, "como
Maria Santíssima silenciou a todas as coisas que se referiam ao grande
mistério, somente falou e se demonstrou aberta, quando ouviu tratar do seu puro
candor e se colocou perto daquele anjo de Deus com doce vontade… Entendeu, ó
filha, quanto Maria amasse esta bela, angélica, celeste virtude? Mas quem te
acredita que a amasse mais? Jesus ou Maria? Certamente Jesus que nunca teria
escolhido uma mãe, se não virgem pura, imaculada. O anjo Gabriel respondeu:
“Maria, o Espírito Santo descerá sobre ti, a virtude sublime do Altíssimo te
cobrirá; e, porém aquele que nascerá da ti santo será o verdadeiro Filho de
Deus”. A este ponto te informo que Isabel, tua parente, na sua velhice concebeu
um filho e é já ao sexto mês, aquela que dizia ser estéril porque lembras que a
Deus nada é impossível". O anjo Gabriel continuou a Maria Santíssima com
estas palavras: "Estai tranquila e consola-te, ó virgem bendita: o divino
espirito será aquele que descerá para fecundar as tuas vísceras imaculadas. Oh
onipotente virtude do Altíssimo operará em ti um novo prodígio que, conservando
ao mesmo tempo a honra de virgem, te dará a alegria de mãe. O santo, que
conceberás no teu seio, não será que o Filho de Deus". Com estas palavras
o arcanjo Gabriel revelava o arcano, explicava o mistério, tranquilizava Maria.
"Enfim tudo foi feito, não faltava que a
última palavra de Maria, porque a virgem fosse mãe de Deus. O Verbo divino,
gerado do Pai no esplendor dos santos, não devia ter pai na terra, assim como
mãe não teve no céu. E Maria, sendo eleita genitora do Unigênito do divino Pai,
se transformava do mesmo Pai, a unigênita filha. Sendo ela a virgem que devia
dar os humanos membros ao Verbo divino, era elevada à dignidade de mãe do Filho
de Deus. Sendo Maria aquela, sobre a qual teria descido o Espírito Santo, que
coberta com a sua virtude onipotente a teria feita mãe virgem de um filho Deus,
era por isso elevada à grandíssima honra de esposa ao Espírito Santo.
"Explicado o enigma, tranquilizada completamente a virgem, o mensageiro
divino silenciava, ansioso esperando a sua resposta, isto é, a autorização de
Maria à encarnação do Verbo eterno..”. e responde: "Eis a serva do Senhor,
seja feito de mim segundo a tua palavra". Tudo é feito, Maria é a mãe do
Filho do Altíssimo. A estas palavras exulta o céu, se consola o mundo inteiro.
O anjo reverente se prostra diante à sua senhora e depois pega o voo e volta ao
paraíso.
Maria, no ato de aceitar a altíssima
dignidade de mãe de Deus, se declarava humildemente serva do Senhor. Esta
humildade profundíssima, em que a encontrou recolhida e quase abandonada o anjo
do Senhor, não faltou à gloriosa saudação e a mais gloriosa proposta de ser a
mãe do Verbo divino. "Maria tinha então proferido o prodigioso fiat, e em
um instante, formado do divino Espírito no seu seio, da puríssima virginal
substância, um tenro e perfeito corpinho e unindo uma alma humana, se juntaram
em simbiose, à divina Pessoa do Verbo. O milagre! Aquele Deus, que não pode ser
contido na grandeza dos céus, está dentro do ventre de Maria. Aquele Deus, que
sustenta com um dedo a grande máquina do universo, é sustentado pelo puro seio
de uma virgem. Quem pode dizer portanto qual seja a grandeza da alegria que
inundou e incendiou a alma de Maria naquele feliz momento em que se transformou
em mãe do Filho de Deus? O Rei dos Reis, o grande Senhor dos dominantes colocou
o seu trono no seio de Maria. Um infinito gaudio inundou Maria, quando se fixou
na infinita luz e pode mirar os arcanos esplendores da divindade.
"Aceitando Maria a incomparável dignidade de mãe de Deus, aceitava o
generoso dever de mãe do humano género. Devemos alegrar-nos: Maria, dando o seu
consentimento ao anjo, nos adotou como filhos e se transformou na mãe de todos
nós".
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