A PRIMEIRA SUCESSÃO
APOSTÓLICA
A primeira sucessão
apostólica que encontramos no Novo Testamento lemos no capítulo 1 dos Atos dos
Apóstolos. São Pedro declara a vacância do posto (ministério) de Judas
Iscariotes e aponta a necessidade de que alguém a ocupe: "Naqueles dias,
Pedro se pôs de pé em meio aos irmãos - o número de pessoas reunidas era de
cerca de cento e vinte - e lhes disse: 'Irmãos, era preciso que se cumprisse a
Escritura em que o Espírito Santo, pela boca de Davi, havia falado acerca de
Judas, que guiou aqueles que prenderam Jesus. Porque ele era um de nós e obteve
um posto neste ministério, convém, pois, que dentre os homens que andaram
conosco todo o tempo em que Jesus viveu entre nós, a partir do batismo de João
até o dia em que nos foi levado, um deles seja constituído testemunha conosco
de sua ressurreição. Apresentaram dois: José, chamado Barsabás, de sobrenome
Justo, e Matias. Então oraram assim: 'Tu, Senhor, que conheces os corações de
todos, mostra-nos qual destes dois elegeste para ocupar no ministério do
apostolado o posto do qual Judas desertou para ir para onde lhe correspondia'.
Lançaram sortes e a sorte caiu sobre Matias, que foi agregado ao número dos
doze Apóstolos" (Atos 1,16-17.21-26).
EVIDÊNCIA BÍBLICA DA
INSTITUIÇÃO DOS PRESBÍTEROS POR INTERMÉDIO DA AUTORIDADE DOS APÓSTOLOS OU PRESBÍTEROS PREVIAMENTE ORDENADOS
Como vimos, está claríssima a consciência que
tinham os Apóstolos de que o ministério do apostolado não permanecia vacante
(posteriormente este ministério será desempenhado pelos bispos). Os Apóstolos
também estavam conscientes da obrigação que tinham de que seus sucessorem
poderiam exercer seu ministério de forma plena, organizando igrejas e colocando
à frente homens capazes. Assim vemos como o livro dos Atos dos Apóstolos nos
narra que uma das principais atividades dos Apóstolos era fundar igrejas e
designar presbíteros para elas: "Designavam presbíteros em cada igreja e
após fazer oração e jejuns, os encomendavam ao Senhor em quem haviam
crido" (Atos 14,23).
No começo os presbíteros eram nomeados
exclusivamente pelos Apóstolos; posteriormente, também por outros presbíteros
já ordenados. Inexistia aqui o que se costuma a ver nas igrejas protestantes,
onde alguém que possui um carisma simplesmente funda uma igreja e toma nela o
posto de pastor.
Exemplos claros encontramos
nas epístolas paulinas, onde Paulo menciona a ordenação de Timóteo como
presbítero através da imposição das mãos e o exorta a não instituir presbítero
a qualquer pessoa (resto claro que ninguém poderia se autoproclamar
presbítero). “Por isto te recomendo que reavivas o carisma de Deus que há em ti
pela imposição das minhas mãos. Porque o Senhor não nos deu um espírito de
timidez, mas de fortaleza, de caridade e de temperança. Não te envergonhes,
pois, nem do testemunho que hás de dar de nosso Senhor, nem de mim, seu
prisioneiro. Ao contrário, suporta comigo os sofrimentos pelo Evangelho,
ajudado pela força de Deus, que nos salvou e nos chamou para uma vocação santa,
não por nossas obras, mas por sua própria determinação e por sua graça que nos
deu desde toda a eternidade em Cristo Jesus" (2Timóteo 1,7-9).
"Não descuideis do
carisma que há em ti, que te foi comunicado pela intervenção profética através
da imposição das mãos do colégio de presbíteros" (1Timóteo 4,14). "Não te precipites a
impor as mãos sobre alguém, nem te faças partícipe dos pecados alheios.
Conserva-te puro" (1Timóteo 5,22).
Volto a observar que Paulo
menciona que a ordenação de Timóteo se deu mediante a imposição das mãos do
colégio de presbíteros (outras Bíblias traduzem como "conselho de anciãos",
que é uma expressão sinônima). Vemos, assim, que os primeiros presbíteros foram
ordenados pelos próprios Apóstolos e os presbíteros seguintes foram ordenados
pelos Apóstolos ou por outros presbíteros previamente ordenados. O certo é que
para que uma ordenação ser considerada válida SEMPRE deveria o aspirante ser
ordenado por presbíteros ordenados por outros presbíteros até se chegar aos
Apóstolos. A esta legítima linha de sucessão chamamos "sucessão
apostólica".
O mesmo ocorre com Tito, que
também sendo um presbítero, é enviado por Paulo a organizar as igrejas e
instituir presbíteros para o seu governo: "O motivo de ter-te
deixado em Creta foi para que acabasses de organizar o que faltava e
estabeleceres presbíteros em cada cidade, como te ordenei" (Tito 1,5).
A finalidade era sempre
clara: "Tu, pois, filho meu, mantei-te forte na graça de Cristo Jesus; e
do quanto me tens ouvido na presença de muitas testemunhas, confiai-o a homens
fiéis, que sejam capazes, por sua vez, de instruir a outros" (2Timóteo
2,1-2).
Paulo deixou em suas
epístolas grande quantidade de recomendações referentes aos assuntos do governo
da Igreja. Ele precisava se assegurar que os candidatos a estes ministérios
eram irreprováveis porque sabia que no rebanho se infiltrariam lobos
devoradores. Com estas diretrizes, a Igreja conseguiria identificá-los
facilmente: "É certa esta afirmação: se alguém aspira ao episcopado,
deseja uma nobre função. É, pois, necessário que o bispo seja irrepreensível,
casado uma única vez, sóbrio, sensato, educado, hospitaleiro, apto para ensinar,
não beberrão nem violento, mas moderado, inimigo das pendências, desprendido
do dinheiro, que saiba governar a sua própria casa, pois senão como poderá
cuidar da Igreja de Deus? Não deve ser neófito, a não ser que, levado pela
soberba, caia na mesma condenação do Diabo. É também necessário que tenha boa
fama entre os de fora, para que não caia no descrédito e nas redes do Diabo.
Também os diáconos devem ser dignos, sem dubiez, nem dados a beber muito vinho
nem a negócios sujos; que guardem o mistério da fé com uma consciência pura.
Primeiro serão submetidos à prova e depois, se forem irrepreensíveis, se
tornarão diáconos" (1Timóteo 3,1-10).
"Os presbíteros que exercem bem o seu
cargo merecem remuneração em dobro, principalmente os que se dedicam à pregação
e ao ensinamento. A Escritura, com efeito, diz: 'Não colocarás bocal no boi que
trilha' e também: 'O operário é digno do seu salário'. Não admitas nenhuma
acusação contra um presbítero se não vier acompanhada do testemunho de duas ou
três pessoas. Aos culpados, repreendei-os diante de todos, para que os demais
tenham temor" (1Timóteo 5,17-20).
"Ao sectário, após uma
e outra advertência, evita-o; já sabes que esse é pervertido e peca, condenado
por sua própria sentença" (Tito 3,10-11).
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