Num dos quarteirões de Paris
residia uma família dotada de alguma fortuna: um casal e a filha, chamada
Josefina. Viviam felizes, em prosperidade de negócios. Nada lhes faltava.
Imprevidentes, gastavam quanto iam recebendo, sem economias para o futuro e sem
cuidado na aplicação das rendas.
Um dia, caiu enfermo o chefe
da casa e maus negócios os levaram rapidamente a uma situação de necessidade.
Obrigados pelos credores, deixaram o palacete e foram morar numa casa simples,
num dos subúrbios da cidade. Os velhos choravam, abatidos e desanimados.
Josefina, porém, não perdia a calma e o sorriso habitual.
Era boa costureira e bordava
com perfeição. Dia e noite não descansava. Saía cada tarde a entregar as peças
que costurava e com o dinheiro recebido comprava sempre o necessário para a
casa. Muita vez voltava de mãos vazias. Passavam algum dia sem alimento
suficiente. Procurou uma colocação, onde possa contar com ordenado certo cada
mês e com trabalho extraordinário e noturno, para dar algum conforto aos pais.
Entregou a sua causa a São José. O tempo vai passando. Sempre aquela vida
atribulada e incerta, semeada de lágrimas, não raro de alguma fome.
Na festa do Patrocínio de
São José, a moça, devotíssima do Padroeiro de todas as necessidades, teve uma
idéia original: tomou uma folha de papel e escreveu uma carta a São José
pedindo um emprego, um meio de ganhar a vida e sair daquela situação
embaraçosa. Ingenuamente assina: Josefina de tal, residente em tal rua – Bairro
de Paris – costura, borda com perfeição.
Com uma pequena fita,
amarrou o bilhete sob as asas de uma linda pomba que trazia presa numa gaiola,
e solta-a, dizendo: “Vai, pombinha querida, para onde São José te mandar e hoje
mesmo venha a resposta do céu!”
Foi um ingênuo gesto de
confiança no Patrono das causas mais desesperadas. E, depois, Josefina
sentiu-se tranqüila. Não invocara São José em vão. Poucas horas depois, um
carro pára defronte da porta de sua casa.
Um senhor bem trajado e
ainda moço pergunta:
– Mora aqui a senhorita
Josefina de tal?
– Sim, responde a jovem, sou
eu mesma.
– Escreveu, a senhorita, este bilhete?
– Sim, e como o foi
encontrar?
- Sob as asas de uma pobre
pomba que entrou em meu escritório e de lá não queria sair. Observei que ela
trazia este bilhete li-o, e aqui estou. Sou devoto de São José. Resolvi abrir
esta semana uma fábrica de roupas e bordados. Faltava-me, porém, alguém para
ensinar e dirigir as primeiras operárias. Pedi a São José que ma arranjasse.
Providencialmente, entra-me a pombinha pelo escritório a dentro, encontro este
bilhete e venho a saber que, aqui, a senhorita Josefina e seus pais sofrem
privações. Permita-me que lhe ofereça já uma quantia para solver os
compromissos de que fala no bilhete, e quero desde já contratá-la para dirigir
minha oficina.
Os pais da moça choravam de
alegria e da mais profunda gratidão.
– Como São José é bom!
disseram todos juntos.
Em breve, Josefina estava à
frente das oficinas, no centro de Paris.
O patrão se pôs a observá-la
e notou ser, a jovem, de fina educação, bondosa, modesta, rica de prendas.
E chegaram ao noivado e ao
casamento… No lugar de honra do salão principal da mansão onde antigamente
morava a família, foi colocada uma bela estátua de São José. E aos pés da
imagem uma pombinha branca, embalsamada, e em letras douradas no pedestal: “A mensageira
de São José”.
Fonte: “Sur Saint Joseph” – Millot, em “Thesor”.
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