I - Filho, em volta dos
altares treme e choram os meus anjos, vendo tantas Missas atropeladas e
sacrílegas; treme também tu e chora com eles.
Olha como Me tratam! Aqueles
Sacerdotes que deviam ser os vigários dos Apóstolos e filhos de São Pedro,
tornaram-se representantes de Judas e precursores do Anticristo; de modo que
ainda hoje posso com razão dizer: Eis que a mão do traidor está comigo à Minha
mesa. (1)
Quando beijam o Meu altar,
de novo lhes posso repetir: Judas, tens coração de vender-Me e entregar-Me com
um ósculo?!
Não por trinta dinheiros,
mas por um vil afeto, por uma pressa indigna, por um respeito humano, por um
interesse de poucos reis, é hoje vendido e entregado o dom inestimável, o
inefável preço da redenção do mundo, que é infinitamente superior a toda a
estima! Oh ingratidão! Oh traição! Oh horrenda perfídia!
II - Em vez de dobrarem o
joelho, para Me adorarem com respeito e amor, dobram-no para Me escarnecer,
como os Judeus, que, ajoelhando-se, Me esbofeteavam; e, como eles, Me cospem
tantas vezes no rosto, quantas são as sacrossantas palavras que indignamente
proferem.
Ninguém ousaria tocar os
vasos sagrados, e muito menos o divino Sacramento com mãos sujas de lodo; e hei
de ver o Meu corpo e sangue tão indignamente tratado por mãos as mais imundas e
hediondas, e até lançado debaixo dos pés, e calcado como se fora vilíssimo lodo
e pó da terra? (2)
Ah! temerários Sacerdotes!
sois piores que os que Me crucificaram, porque eles o fizeram uma só vez, e não
Me conheciam; vós porém, conhecendo-Me de sobejo, o fazeis repetidas vezes;
sois ainda piores que os demônios, que crêem e tremem de Mim, e vós ou não
credes, ou certamente Me não temeis!
III- Ó Meu amor traído!
deverão ser matéria para ofender-Me não só os Meus dons, mas até Eu mesmo,
pelas injúrias feitas em Minha pessoa?! Deverei ver a redenção convertida em
perdição, o sacrifício, o mais augusto mistério no mais horrendo parricídio, o
antídoto trocado em veneno, a vida em morte; e quererão beber no cálice da mais
tremenda ira?!
Ao menos tu, amado filho,
suspende Meus castigos por meio de Missas celebradas com o maior fervor e
devoção; e, enquanto aqueles infelizes tragam sua própria condenação, e não
tremem e chamar sobre si todas as maldições do céu (3), antes cada vez mais
obstinados se endurecem na maldade, tu compensa, quanto puderes, tão horrendo
atentado com viva fé, com respeitoso temor, com amargosíssimo pranto, e com o
mais ardente amor. Mas, se tu, tu mesmo fores réu de semelhantes crimes...?!
Fruto - Examina a tua
consciência e vê se celebraste alguma vez, estando em ocasião próxima de
pecado, ou em graves reincidências contra a temperança, contra a castidade,
contra a devida edificação, ou mostrando graves inimizades e litígios
caprichosos; se não procurastes satisfazer, achando-te agravado com dívidas,
restituições, esmolas de Missas, contra os decretos da Sagrada Congregação e
contra a bula de Bento XIV (4); se subiste ao altar ligado com censuras
eclesiásticas ou irregularidades.
Examina, infeliz! de que te
serviu em tais casos a absolvição sacramental; se ao menos procurastes obtê-la,
mas de que confessores; se lhes manifestaste o estado da tua consciência com
sinceridade; se te levaram a tais excessos ou a nimia facilidade em absolver do
teu confessor, ou o cumprimento de obrigações do teu ministério, ou os
proventos do seu exercício; se até te lisonjeaste de não ser compreendido
nestes ou em semelhantes casos, ou de ter merecido a absolvição, ou de ter uma
consciência a teu modo; se te tornaste réu da Missa a que chamam à caçadora;
pois que celebra Missa em um quarto de hora não deixa ser comummente pecado
mortal.
Se te achares compreendido
nestes funestíssimos casos, abstém-se absolutamente de celebrar, até que tenhas
remediado tão graves males, que são curáveis se tiveres uma vontade eficaz.
Agora, prostrado aos pés de
Jesus, pensa seriamente se, com o que tens feito até agora, e com o que
tencionas fazer daqui por diante, especialmente a respeito da celebração da
Missa, das tuas confissões e da escolha do teu confessor, estarias tranquilo e
satisfeito na hora da tua morte; e sirva-te este pensamento de luz e conselho
para praticares o bem, e praticá-lo enquanto é tempo, antes de noite da
eternidade!
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