A hierarquia dos demônios, suas funções, seus
tormentos, os diversos crimes aos quais presidem, foram-lhe apresentados. Viu
Lúcifer, chefe e general dos orgulhosos, rei de todos os demônios e precitos,
rei muito mais infeliz do que os próprios súditos.
.
O inferno é dividido em três partes: o
superior, o do meio e o inferior. Lúcifer encontra-se no fundo do inferno
inferior. A Lúcifer, chefe universal, subordinam-se três outros demônios, os
quais exercem império sobre os demais:
1) Asmodeu, que preside os pecados da carne,
e era antes da queda um Querubim;
2) Mamon, que preside os pecados da avareza,
era um Trono. O dinheiro fornece, ele sozinho, uma das três grandes categorias;
3) Belzebu preside aos pecados de idolatria.
Tudo que tem algo a ver com magia, espiritismo, é inspirado por Belzebu. Ele é,
de um modo especial, o príncipe das trevas, e mediante as trevas ele é
atormentado e atormenta suas vítimas.
Uma parte dos demônios permanece no inferno,
a outra no ar, e uma terceira atua entre os homens, procurando desviá-los do
certo caminho.
Os que ficam no inferno dão ordens e enviam
seus embaixadores; os que residem no ar agem fisicamente sobre as mudanças
atmosféricas e telúricas, lançando por toda parte suas más influências,
empestando o ar, física e moralmente. Seu objetivo é debilitar a alma.
Quando os demônios encarregados da Terra vêem
uma alma enfraquecida pelos demônios do ar, eles a atacam no seu ponto fraco,
para vencê-la mais facilmente.
É o momento em que a alma não confia na
Providência. Essa falta de confiança, inspirada pelos demônios do ar, prepara a
alma para a queda solicitada pelos demônios da Terra.
Assim, enfraquecidos pela desconfiança, os
demônios inspiram na alma o orgulho, em que ela cai tanto mais facilmente
quanto mais fraca esta.
Quando o orgulho aumentou sua fraqueza, vêm
os demônios da carne que atacam seu espírito.
Quando os demônios da carne aumentam mais
ainda a fraqueza da alma, vêm os demônios que insuflam os crimes do dinheiro.
E quando estes diminuíram ainda mais os
recursos de sua resistência, chegam os demônios da idolatria, os quais
completam e concluem o que os outros começaram.
Todos se articulam para o mal, sendo esta a
lei da queda: todo pecado cometido, e do qual a alma não se arrependeu,
prepara-a para outro pecado. Assim, a idolatria, a magia, o espiritismo esperam
no fundo do abismo aqueles que foram escorregando de precipício em precipício.
Todas as coisas da hierarquia celeste são
parodiadas na hierarquia infernal. Nenhum demônio pode tentar uma alma sem a
permissão de Lúcifer.
Os demônios que estão no inferno sofrem a
pena do fogo. Os que estão no ar ou na terra não sofrem atualmente tais penas,
mas padecem outros suplícios terríveis, e particularmente a visão do bem que
praticam os santos.
O homem que faz o bem inflige aos demônios um
tormento indescritível. Quando Santa Francisca era tentada, sabia, pela
natureza e violência da tentação, de que altura tinha caído o anjo tentador e a
que hierarquia pertencera.
Quando uma alma cai no inferno, seu demônio
tentador é felicitado pelos demais. Mas quando a alma se salva, o demônio
tentador recebe insulto dos outros, que o levam para Lúcifer e este lhe inflige
um castigo a mais, além das torturas que já padece. Este demônio entra às vezes
no corpo de animais ou homens. Ele finge ser a alma de um morto.
Quando um demônio consegue perder certa alma,
após a condenação desta transforma-se em tentador de outro homem, mas torna-se
mais hábil do que foi a primeira vez. Aproveita-se da experiência que a vitória
lhe deu, tornando-se mais forte para perder o homem.
Santa Francisca observava um demônio em cima
de alguém que estivesse em estado de pecado mortal. Confessado o pecado, via
ela o mesmo demônio ao lado da pessoa. Após uma excelente confissão, o anjo mau
ficava enfraquecido e a tentação não tinha mais o mesmo grau de energia.
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