O Cordão de Santo Tomás
(sacramental) e a Novena da Pureza
Em 1243, o jovem dominicano,
com apenas 18 anos de idade, foi raptado por sua família, que se opunha à sua
vocação, mas, como depois de um ano nada pudera abalar a constância do
prisioneiro, seus irmãos resolveram recorrer a um meio sugerido pelo inferno.
Introduziram uma cortesã no quarto onde ele estava preso. Elevando um olhar ao
céu, Tomás pegou um tição ardente e expulsou a infeliz. Depois, com o mesmo tição
traçou uma cruz na parede, caiu de joelhos e renovou em pranto o seu desejo de
não se apartar de Deus. Então, enquanto rezava, um sono suave se apoderou dele.
Em seguida, dois anjos cingiram-no com um cordão miraculoso que lhe conferiria
o dom da virgindade perpétua e o preservaria para sempre das tentações da
carne. “Se a pureza de Santo Tomás tivesse sucumbido a esse perigo extremo”,
conclui o papa Pio XI, “é verossímil que a Igreja jamais tivesse o seu Doutor
Angélico” (Encíclica Studiorum Ducem, 1923).
Quando Santo Tomás de Aquino
morreu, encontrou-se sobre ele o cordão miraculoso, que foi conservado uma relíquia.
Tornando-se propriedade das religiosas de São Domingos, foi doado por Jean de
Verceil, sexto superior geral da ordem, ao convento de sua cidade natal,
Verceil, no Piemonte. São Pio V desejou vivamente fazer vir para Roma esta relíquia
sem par em seu gênero, para enriquecer uma das grandes basílicas. Mas a morte o
impediria de executar o seu projeto. Tendo os Frades Pregadores deixado
Verceil, é desde então em seu convento de Chieri, perto de Turim, que a relíquia
é conservada.
A partir de então o cordão
ficou acessível à veneração dos fiéis. Algumas pessoas piedosas tiveram a ideia
de portar objetos que houvessem tocado a relíquia, e, segundo o relato de sérios
historiadores, tais objetos se tornariam um possante remédio contra as tentações
da carne. Tal prática seria mantida por longo tempo.
Em 1580, um religioso
dominicano, o Padre Cipriano Uberti, doutor em teologia e pregador de renome na
Itália, vendo que a devoção ao cordão de Santo Tomás crescia cada vez mais, e
que se tornara impossível satisfazer a piedade de tantos fiéis de portar objetos
que houvessem tocado a Santa Relíquia, pensou em mandar confeccionar um grande
número de cordões semelhantes ao cinto celeste e distribuir a quem o pedisse. A
ideia foi coroada de imenso sucesso. No espaço de alguns dias, foram distribuídos
milhares destes cordões em Verceil e nas cidades vizinhas.
Sob esta nova forma a devoção
se espalharia rapidamente por toda a Itália, e não tardaria a ultrapassar as
fronteiras. A venerável irmã Maria Villani, da Ordem de São Domingos,
distinguia-se por seu zelo em propagá-la. Além disso, recebeu de Deus, por
mediação de Santo Tomás, o dom de uma pureza resplandecente: ”Senhor”, disse
ela, “concedei-me que eu reparta com outros a graça que recebi”. Deus lhe
respondeu: “Eu te ouvi, e os cordões que doravante trançares com suas mãos
comunicarão àqueles que o portarem a força de vencer as tentações”. Logo ela
faria alguns cordões conforme o primeiro modelo, e não cessaria de distribuí-los
aos fiéis com grandes frutos de virtude. Os Frades Pregadores não davam conta
de satisfazer o ardor dos fiéis. Foi necessário comunicar seus poderes e privilégios
aos clérigos regulares e a religiosos de outras ordens. Os Padres da Companhia
de Jesus, em particular, o fariam florescer com zelo e inteligência, e o
apresentariam com sucesso a pessoas de todo o mundo e de todas as idades e
condições. Viam-se reis, rainhas, papas e bispos considerar uma honra portar o
cordão de Santo Tomás e da Santíssima Virgem. Numerosos milagres viriam
recompensar este zelo. “Eu não seria capaz”, escreveu o Padre Camille Quadrio,
da Companhia de Jesus e vice-diretor do Colégio de Verceil, “de descrever todas
as graças obtidas pelo cordão do santíssimo e sapientíssimo Doutor Santo Tomás
de Aquino. Para relatá-los seriam necessários vários volumes inteiros”. O Padre
Aurele Coberlino, da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, atesta a mesma
coisa. Cita-se um exemplo particular de um navio assaltado pela tempestade e
prestes a naufragar. No meio de relâmpagos e ribombar de trovões, o capitão
invocou com fé a Santo Tomás e apresentou o cordão bento às ondas. Em um
instante o mar se acalmou, e o navio se salvou. Não é, pois, de espantar que
logo a piedosa devoção, fonte de tantas maravilhas, se expandisse por todas as
partes do mundo cristão.
Os que veneraram o cordão
miraculoso descreveram-no assim: ele possui em uma de suas extremidades dois laços
dentro dos quais se introduz a extremidade oposta. A parte destinada a cingir o
corpo é uniforme e um pouco mais larga que uma palha. A parte que fica livre
fora das laços compõe-se de duas pequenas faixas iluienlaçadas uma à outra por
meio de quinze nós de igual espessura e posicionados a distâncias equivalentes
uns dos outros– e nisso os autores piedosos veem uma alusão aos quinze mistérios
do rosário. Sua cor é branca, mas está um pouco enegrecido pelos objetos que o
tocaram. É tecido de múltiplos fios tão finos, que o olho humano, por mais que
se esforce, não poderá discernir sua verdadeira natureza. Bastava aos devotos
peregrinos olhá-lo para sentir desenvolver-se neles o amor pela castidade e uma
impressão de consolação de todo celeste.
Oração do Cordão de Santo Tomás
Para Obter o Precioso Dom da
Pureza.
Castíssimo Santo Tomás,
escolhido como um lírio de inocência, vós, que sempre conservastes sem mancha a
veste batismal, vós, que, cingido por dois anjos, fostes um verdadeiro anjo na
carne, eu vos rogo que me encomende a Jesus, Cordeiro sem mancha, e a Maria, a
rainha das virgens, para que também eu, portando ao redor de meus rins o vosso
santo cordão, receba o mesmo dom que vós, e assim, imitando-vos assim na terra,
seja um dia coroado entre os anjos convosco, o grande protetor de minha inocência.
Pai nosso... Ave Maria... Glória
ao Pai...
Oremos:
Ó Deus, que vos dignastes
munir-nos com o sagrado cordão de Santo Tomás no meio das tão difíceis lutas
que temos de suportar, nós vos suplicamos que nos conceda, por seu socorro
celeste, vencer honrosamente o combate contra o inimigo de nossos corpos e de
nossas almas, para que, coroados com o lírio de uma pureza perpétua, mereçamos
receber a palma dos bem-aventurados na casta companhia dos anjos. P.N.S.J.C. Amém.
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