Imprimatur:
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Francisco, Bispo de Campinas
Campinas,
8 de março de 1934
Maria:
Meditai muitas vezes nas minhas sete dores para consolar meu Coração e
crescereis muito na virtude.
Ó
almas que sofreis, vinde para perto de meu Coração e aprendei comigo. É junto
de meu Coração transpassado de dor que achareis consolação! Mães aflitas,
esposas amarguradas, jovens desorientados, meditando nos meus sofrimentos
tereis força para atravessardes todas as dificuldades.
Que
minhas dores vos comovam o coração, impulsionando-vos para a prática do bem.
1ª.
Dor - Apresentação de meu Filho no templo
Nesta
primeira dor veremos como meu coração foi transpassado por uma espada, quando
Simeão profetizou que meu Filho seria a salvação de muitos, mas também serviria
para ruína de outros. A virtude que aprendereis nesta dor é a da santa
obediência. Sede obedientes aos vossos superiores, porque são eles instrumentos
de Deus.
Quando
soube que uma espada Me atravessaria a alma, desde aquele instante experimentei
sempre uma grande dor. Olhei para o Céu e disse: 'Em vós confio'. Quem confia
em Deus jamais será confundido. Nas vossas penas, nas vossas angústias, confiai
em Deus e jamais vos arrependereis dessa confiança.
Quando
a obediência vos trouxer qualquer sacrifício, confiando em Deus, a Ele entregai
vossas dores e apreensões, sofrendo de bom grado por amor. Obedeçam não por
motivos humanos, mas pelo amor Daquele que por vosso amor se fez obediente até
a morte de Cruz.
2ª.
Dor - A fuga para o Egito
Amados
filhos, quando fugimos para o Egito, foi grande dor saber que desejavam matar
meu querido filho, aquele que trazia a salvação! Não me afligi pelas
dificuldades em terras longínquas; mas por ver meu filho inocente, perseguido
por ser o Redentor.
Almas
queridas, quanto sofri neste exílio! Porém tudo suportei com amor e santa
alegria por Deus me fazer cooperadora da salvação das almas. Se fui obrigada a
este exílio, foi para guardar meu filho, sofrendo provações por aquele que um
dia ia ser a chave da mansão da paz. Um dia estas penas serão convertidas em
sorrisos e em força para as almas, porque Ele abrirá as portas do Céu!
Amados
meus, nas maiores provações pode haver alegria quando se sofre para agradar a
Deus e por seu amor. Em terras estranhas, Eu Me rejubilava por poder sofrer com
Jesus, meu adorável filho!
Na
santa amizade de Jesus e sofrendo tudo por seu amor, não se chama sofrer senão
santificar-se! No meio da dor sofrem os infelizes, que vivem longe de Deus, os
que estão na sua inimizade. Pobres infelizes, entregam-se ao desespero, porque
não têm o conforto da amizade divina, que dá à alma tanta paz e tanta
confiança.
Almas
que aceitais vossos sofrimentos por amor a Deus, exultai de alegria porque
grande é vosso merecimento, se assemelhando a Jesus Crucificado, que tanto
sofreu por amor a vossas almas!
Alegrai-vos
todos os que, como Eu, sois chamados para longe da vossa pátria defender o
vosso Jesus. Grande será a vossa recompensa, pelo vosso SIM à vontade de Deus.
Almas
queridas, avante! Aprendei Comigo, a não medir sacrifícios, quando se trata da
glória e dos interesses de Jesus, que também não mediu sacrifícios para vos
abrir as portas da mansão da Paz.
3ª.
Dor - Perda do Menino Jesus
Amados
filhos, procurai compreender esta minha imensa dor, quando perdi meu adorável
Filho por três dias.
Sabia
que meu Filho era o Messias prometido, que contas daria então a Deus do tesouro
que me tinha sido entregue? Tanta dor e tanta agonia, e sem esperança de
encontrá-lo!
Quando
O achei no templo, no meio dos doutores, e lhe disse que me havia deixado três
dias em aflição, eis o que Me respondeu: 'Eu vim ao mundo para cuidar dos
interesses de meu Pai, que está no Céu'.
A
esta resposta do meigo Jesus, emudeci e compreendi que sendo o Redentor do
gênero humano assim devia proceder, fazendo sua Mãe, desde aquele instante,
tomar parte na sua missão redentora, sofrendo pela Redenção do gênero humano!
Almas
que sofreis, aprendei nesta minha dor a submeter-vos à vontade de Deus, que
muitas vezes vos fere para proveito de um de vossos entes queridos.
Jesus
me deixou por três dias em tanta angústia para proveito vosso. Aprendei Comigo
a sofrer e a preferir a vontade de Deus à vossa. Mães que chorais, ao verdes os
vossos filhos generosos ouvirem o chamamento divino, aprendei Comigo a
sacrificar o vosso amor natural. Se vossos filhos forem chamados para trabalhar
na vinha do Senhor, não abafeis tão nobre aspiração, como é a vocação
religiosa. Mães e pais dedicados, ainda que vosso coração sangre de dor,
deixai-os partir, deixai-os corresponder aos desígnios de Deus, que usa com
eles de tanta predileção. Pais que sofreis, ofertai a Deus a dor da separação,
para que vossos filhos, que foram chamados, possam ser na realidade bons filhos
Daquele que os chamou. Lembrai-vos que vossos filhos a Deus pertencem e não a
vós. Deveis criá-los para servir e amar a Deus neste mundo, e um dia no Céu O
louvarem por toda a eternidade.
Pobres
aqueles que querem prender seus filhos, abafando-lhes a vocação! Os pais que
assim procedem podem levar seus filhos à perdição eterna e ainda terão que dar
contas a Deus no último dia. Porém, protegendo suas vocações, encaminhando-os
para tão nobre fim, que bela recompensa receberão estes pais afortunados! Ainda
que aqui chorem de saudades e a separação lhes custe muitas lágrimas, eles
serão abençoados! E vós, filhos prediletos que sois chamados por Deus, procedei
como Jesus procedeu comigo: primeiramente obedecei à vontade de Deus, que vos chamou
para habitar na sua casa, quando diz: 'Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a
mim não é digno de Mim'. Vigiai se, por causa de um amor natural, deixais de
corresponder ao chamado divino!
Almas
eleitas que fostes chamadas e sacrificastes as afeições mais caras e a vossa
própria vontade para servir a Deus! Grande é vossa recompensa. Avante! sede
generosas em tudo e louvai a Deus por terdes sido escolhidas para tão nobre
fim.
Vós
que chorais, pais, irmãos, regozijai-vos porque vossas lágrimas um dia converter-se-ão
em pérolas, como as minhas se converteram em favor da humanidade.
4ª.
Dor - Doloroso encontro no caminho do Calvário
Amados
filhos, contemplai e vede se há dor semelhante a esta minha, quando me
encontrei com meu divino Filho no caminho do Calvário, carregando uma pesada
cruz e insultado como se fosse um criminoso.
'É
preciso que o Filho de Deus seja esmagado para abrir as portas da mansão da
paz!' Lembrei-Me de suas palavras e aceitei a vontade do Altíssimo, que sempre
foi a minha força em horas tão cruéis como esta.
Ao
encontrá-lo, seus olhos me fitaram e me fizeram compreender a dor de sua alma.
Não pôde Me dizer palavra, porém me fizeram compreender que era necessário que
unisse a minha à Sua grande dor. Amados meus, a união de nossa grande dor neste
encontro tem sido a força de tantos mártires e de tantas mães aflitas!
Almas
que temeis o sacrifício, aprendei aqui neste encontro a submeter-vos à vontade
de Deus, como Eu e meu Filho nos submetemos! Aprendei a calar-vos nos vossos
sofrimentos.
No
nosso silêncio, nesta dor imensa armazenamos para vós riquezas imensuráveis! As
vossas almas hão de sentir a eficácia desta riqueza na hora em que, abatidos
pela dor, recorrerdes a Mim, fazendo a meditação deste encontro dolorosíssimo.
O valor do nosso silêncio se converte em força para as almas aflitas, quando
nas horas difíceis souberem recorrer à meditação desta dor!
Amados
filhos, como é precioso o silêncio nas horas de sofrimentos! Há almas que não
sabem sofrer uma dor física, uma tortura de alma em silêncio; desejam logo
contá-la para que todos o lastimem! Meu Filho e Eu tudo suportamos em silêncio
por amor a Deus!
Almas
queridas, a dor humilha e é na santa humildade que Deus edifica! Sem a
humildade, trabalhareis em vão; vede pois como a dor é necessária para a vossa
santificação.
Aprendei
a sofrer em silêncio, como Eu e Jesus sofremos neste doloroso encontro no
caminho do Calvário.
5ª.
Dor - Aos pés da Cruz
Amados
filhos, na meditação desta minha dor encontrareis consolo e força para vossas
almas contra mil tentações e dificuldades e aprendereis a ser fortes em todos
os combates de vossa vida.
Vede-me
aos pés da Cruz, assistindo à morte de Jesus, com a alma e meu coração
transpassados com as mais cruéis dores!
Não
vos escandalizeis com o que fizeram os judeus! Eles diziam: 'Se Ele é Deus, por
que não desce da cruz e se livra a si próprio?!' Pobres judeus, ignorantes uns,
de má fé outros, não quiseram crer que Ele era o Messias. Não podiam
compreender que um Deus se humilhasse tanto e que a sua divina doutrina pregava
a humildade. Jesus precisava dar o exemplo, para que seus filhos tivessem a
força de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos deste mundo, que têm
nas veias a herança do orgulho. Infelizes os que, à imitação dos que
crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar!
Depois
de três horas de tormentosa agonia, meu adorável Filho morre, deixando-me a
alma na mais negra escuridão! Sem duvidar um só instante, aceitei a vontade de
Deus, e no meu doloroso silêncio, entreguei ao Pai minha imensa dor, pedindo,
como Jesus, perdão para os criminosos.
Entretanto,
quem me confortou nesta hora angustiosa? Fazer a vontade de Deus foi o meu
conforto; saber que o Céu foi aberto para todos os filhos foi meu consolo!
Porque Eu também no Calvário fui provada com o abandono de toda consolação!
Amados
filhos, sofrer em união com os sofrimentos de Jesus encontra consolo; sofrer
por ter feito o bem neste mundo, recebendo desprezos e humilhações encontra
força.
Que
glória para vossas almas, se um dia por amar a Deus com todo o vosso coração,
fordes também perseguidos!
Aprendei
a meditar muitas vezes nesta minha dor, que ela vos dará força para serdes
humildes: virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.
6ª.
Dor - Uma lança atravessa o Coração de Jesus
Amados
filhos, com a alma imersa na mais profunda dor, vi Longuinho transpassar o
coração de meu Filho, sem poder dizer palavra! Derramei muitas lágrimas... Só
Deus pode compreender o martírio desta hora, na alma e no coração!
Depois
depositaram Jesus nos meus braços, não cândido e belo como em Belém... Morto e
chagado, parecendo mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino,
que tantas vezes apertei ao meu coração!
Amados
filhos, se Eu tanto sofri, não serei capaz de compreender vossos sofrimentos?
Por que, então, não recorreis a Mim com mais confiança, esquecidos que tenho
tanto valor diante do Altíssimo?
Porque
muito sofri aos pés da cruz, muito me foi dado! Se não tivesse sofrido tanto,
não teria recebido os tesouros do Paraíso em minhas mãos.
A
dor de ver transpassar o Coração de Jesus com a lança, conferiu-me o poder de
introduzir, neste amável Coração, a todos aqueles que a Mim recorrerem. Vinde a
Mim, porque Eu posso vos colocar dentro do Coração Santíssimo de Jesus
Crucificado, morada de amor e de eterna felicidade!
O
sofrimento é sempre um bem para a alma. Ó almas que sofreis, regozijai-vos
Comigo que fui a segunda mártir do Calvário! A minha alma e meu coração
participaram dos suplícios do Salvador, conforme a vontade do Altíssimo, para
reparar o pecado da primeira mulher! Jesus foi o novo Adão e Eu a nova Eva,
livrando assim a humanidade do cativeiro no qual se achava presa.
Para
corresponderdes porém a tanto amor, sede muito confiantes em Mim, não vos
afligindo nas contrariedades da vida; ao contrário, confiai-Me todos os vossos
receios e dores, porque Eu sei dar em abundância os tesouros do Coração de
Jesus!
Não
vos esqueçais, Filhos meus, de meditar nesta minha imensa dor, quando estiver
pesada a vossa Cruz. Achareis força para sofrer por amor a Jesus que sofreu na
Cruz a mais infame das mortes.
7ª.
Dor - Jesus é sepultado
Amados
filhos, quanta dor, quando tive que ver sepultado meu Filho. A quanta
humilhação meu Filho se sujeitou, deixando-se sepultar sendo Ele o mesmo Deus! Por
humildade, Jesus submeteu-se à própria sepultura, para depois, glorioso,
ressuscitar dentre os mortos!
Bem
sabia Jesus o quanto Eu ia sofrer vendo-o sepultado; não me poupando quis que
Eu também fosse participante na sua infinita humilhação!
Almas
que temeis ser humilhadas, vede como Deus amou a humilhação! Tanto que
deixou-se sepultar nos santos Sacrários, a esconder sua majestade e esplendor,
até o fim do mundo! Na verdade, o que se vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia
Branca e nada mais! Ele esconde sua magnificência debaixo da massa branca das
espécies de pão! Em verdade vos digo, não O admirais tanto quanto Ele merece,
por Jesus assim Se humilhar até o fim dos séculos!
A
humildade não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura e não deixou
de ser Deus.
Amados
filhos, se quereis corresponder ao amor de Jesus, mostrai-lhe que O amais,
aceitando as humilhações. A aceitação da humilhação vos purifica de toda e
qualquer imperfeição e, desprendendo-vos deste mundo, vos faz desejar o
Paraíso.
Queridos
filhos, apresentei-vos estas minhas sete Dores, não para queixar-me, mas
somente para mostrar-vos as virtudes que deveis praticar, para um dia estar ao
meu lado e ao lado de Jesus! Recebereis a glória imortal, que é a recompensa
das almas que, neste mundo, souberam morrer para si, vivendo só para Deus!
Vossa
Mãe vos abençoa e vos convida a meditar muitas vezes nestas palavras ditadas
porque muito vos amo.
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