SANTÍSSIMA
TRINDADE
Orígenes como é comum nos
escritores cristãos influenciados pelas doutrinas derivadas de Platão coloca as
idéias platônicas na Mente Divina, na Sabedoria de Deus. O Filho de Deus,
Segunda pessoa da Trindade, é a Sabedoria bíblica: Mente de Deus,
substancialmente subsistente:
Deus sempre foi Pai, e sempre
teve o Filho unigênito, que, conforme tudo o que expusemos acima, é chamado
também de sabedoria (…) nesta sabedoria que sempre estava com o Pai, estava
sempre contida, preordenada sob a forma de idéias, a criação, de modo que não
houve momento em que a idéia daquilo que teria sido criado não estivesse na
sabedoria… (Orígenes. Os princípios, livro I, 4, 4-5.).
Influenciado pelo medioplatonismo
e pelo início do neoplatonismo Orígenes admite certa subordinação do Filho ao
Pai, é importante ressaltar que tal subordinação foi exagerada por seus adversários.
E que apesar de discordar da perfeita paridade entre o Pai e o Filho, na História
da Filosofia de Giovanni Reale afirma que Orígenes defende que o Pai e o Filho
possuem a mesma essência.
Ao contrário dos homens que
tornaram-se filhos de Deus pela adoção do Espírito: "Porquanto não
recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas
recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai!" (Romanos
8,15).
Orígenes afirma que Cristo é
Filho por natureza, "o Filho unigênito do Pai". (Orígenes. Os princípios,
livro I, 4, 4-5).
O que vai configurar o
pensamento do Primeiro Concílio de Niceia, com a ressalva que Cristo Se fez
menor do que o Pai quando Se encarnou até a morte na cruz, quando ressuscita ao
terceiro dia e Se senta segundo Suas palavras à direita do Poder (Mt 26, 64).
MARIA
NO CRISTIANISMO
O pensamento de Orígenes chama
bastante atenção no que diz respeito a esse tema, pois alem de afirmar a
virgindade de Maria, realça os olhos com que naturalidade afirma também a
imaculada conceição de Maria: "Desposada com José, mas não carnalmente
unida. A Mãe deste foi Mãe imaculada, Mãe incorrupta, Mãe intacta. A Mãe deste,
de qual este? A Mãe do Senhor, Unigênito de Deus, do Rei universal, do Salvador
e Redentor de todos." (Orígenes - Homilia inter collectas ex variis
locis).
PRIMADO
DE PEDRO
Conforme fragmento conservado
na "História Eclesiástica" de Eusébio, III, Orígenes conta como foi o
martírio do apóstolo Pedro em Roma: "Pedro, finalmente tendo ido para
Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo".
E professa também o Primado de
Pedro: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a
qual as portas do inferno não prevalecerão. (…)" (In Joan. T.5 n.3).
BATISMO
Orígenes também atesta que a
Igreja como sempre fez deve batizar as crianças: "A
Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar batismo também aos recém-nascidos".
(Epist. ad Rom. Livro 5,9).
A
CONTRA CELSO E A EXEGESE ALEGÓRICA
Orígenes dedicou uma de suas
obras contra Celso, considerado um dos primeiros críticos da doutrina do
cristianismo. Do que sabemos de Celso foi o próprio Orígenes quem nos deu a
conhecer, inclusive a sua obra a Alêthês Lógos (O logos verdadeiro) e o livro
"Discurso contra os Cristãos", obra em que Celso coloca claramente a
forma como o judaísmo e Cristianismo se tornaram cópias de outras religiões,
tanto na questão dos mitos da arca de Noé como a circuncisão onde Celso firma
que os Judeus receberam essa tradição dos egípcios.
A partir de Orígenes, sabemos
ainda apenas que ele é do século II, e que escreveu a sua obra por volta de
178, e, portanto, sob o reinado do imperador Marco Aurélio (que se deu de 161 a
180).
A Alêthês Lógos, de Celso,
coloca em questão vários assuntos da crença relacionados à criação e à unidade
de Deus, à encarnação e ressurreição de Jesus, aos profetas, aos milagres, etc.
Ela questiona também assuntos da vida religiosa, não só sobre a moral, mas também
sobre a participação da Igreja e dos cristãos na vida política e social.
Na seqüência, Spinelli analisa
esses vários pontos que a Contra Celso de Orígenes se propõe a combater. A obra
exegética de Orígenes se concentra sobretudo no tratado que ele desenvolveu. Sobre
os princípios (Perì archôn). A exegese difundida e aplicada por ele está
apoiada no que o judeu Fílon de Alexandria (20 a.C a 42 d.C.) concebeu como
interpretação alegórica dos textos sagrados do judaísmo.
Filon era de opinião de que o
texto bíblico, de um modo geral, carecia de ser interpretado historicamente (no
sentido da crítica das fontes, da origem do texto e de seu contexto). Dado que
as palavras tinham um sentido escondido, mas admirável e profundo, era necessário
adentrar-se nessa profundeza, a fim de trazer à tona, além do sentido magnífico,
todo o seu valor… É nessa mesma perspectiva de Fílon (representante da Escola Bíblica
Judaica), e no ambiente das escolas exegéticas de Alexandria… que se
desenvolveu a exegese de Orígenes.
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