A solenidade de Corpus Christi é celebrada na Quinta Feira
após o Domingo da Santíssima Trindade. Foi a Bem-aventurada Juliana de Mont
Cornelon, perto de Liège, na Bélgica que teve a inspiração de pedir a
instituição desta festa.
Na vida da Bam-aventurada conta-se que aos 16 anos teve pela
primeira vez uma visão que se repetiu diversas vezes enquanto estava em suas
adorações eucarísticas.
Ela via lua no seu pleno esplendor, mas com uma faixa escura
que a atravessava. Nosso Senhora então explicou que a lua simbolizava a vida da
Igreja sobre a terra, a faixa escura representava a ausência de uma festa
litúrgica que honrasse de modo particular a Eucaristia.
Nosso Senhor então pediu que a religiosa trabalhasse para
instituir uma festa na qual os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar
a fé, crescer na prática das virtudes e reparar os pecados cometidos contra o
Santíssimo Sacramento.
Bem-aventurada Juliana foi incompreendida e até perseguida
pelo clero. Faleceu em 1258, na capela onde estava exposto o Santíssimo
Sacramento. Morreu antes de ver a Festa do Corpo de Cristo estendida por toda a
Igreja.
Uma amiga e confidente da religiosa, Eva, continuou a obra e
obteve do Bispo de Liège que falasse com o Papa Urbano IV. Este então mandou
compor o Ofício do Santíssimo Sacramento. Coube a São Tomás de Aquino esta
obra, que perdura até os dias de hoje.
Urano IV falece em 1264 e a festa de Corpus Christi atrasou
quase quarenta anos.
Foi só em 1311 que o papa Clemente V, durante o Concílio de
Viena, estendeu a festa para toda a Igreja, e ele mesmo presidiu nesta cidade a
primeira procissão do Santíssimo Sacramento!
Festa da grandeza
A grandeza da Eucaristia é expressa nesta solenidade.
– É a Carne e o Sangue do Salvador;
– O Sacramento de união com Deus;
– É a participação da
vida divina;
– O pão da vida
descido do céu;
– É o maná da
imortalidade.
Ora, tudo que vive precisa de alimento. Nossa alma tem uma
vida espiritual da qual só Deus pode ser o alimento; eis porque Ele se proclama
“o Pão descido do céu.”
O maná dos hebreus era um alimento milagroso, que tomava o
gosto preferido de quem o comesse. Era preciso diariamente renovar as
provisões, pois, ao nascer do sol, o maná caído do céu, dissolvia-se num
instante.
Pois bem, o maná do católico é a Eucaristia, que dá a cada
um a força e a graça de que precisa. Para este é luz, para aquele outro é consolação,
e para muitos é generosidade. E deveria ser recebido diariamente, o quanto
possível, antes que o vento das tentações se levante.
É uma grandeza escondida que deve ser realçada, exaltada e
manifestada a todo católico. Por isso temos Corpus Chirsti.
Pequenez
Notem bem que a Eucaristia é divinamente grande em seus
efeitos, mas humanamente pequena em suas aparências.
Uma migalha de pão, um pouco de vinho, um sacerdote que diz
umas palavras, e, embora vejamos pão e vinho, já se mudaram na substância em
Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo.
Neste pequeno espaço da Hóstia, está reunido o céu inteiro!
É dai, deste silêncio, que raios de luz iluminam todas as criaturas.
Uma pequena Hóstia está ali sobre o altar. Os olhos humanos
veem apenas o pão mas os Anjos do céu contemplam a divindade, em todo o seu
esplendor, numa visão face a face, tão deslumbrante, que olhos humanos são
incapazes de suportar.
Enquanto nós enxergamos apenas uma Hóstia branca, a
realidade é a glória, a majestade e o poder do trono do Altíssimo. Que
contraste entre a realidade e as aparências! É preciso manifestar esta
pequenez! É preciso tirar do esconderijo este “Deus escondido” e mostra-lo ao
mundo.
Conclusão
É por isso que na solenidade de Corpus Christi, seja numa
pequena vila, seja numa grande metrópole, o Santíssimo Sacramento é levado em
procissão, em triunfo, aclamado como Rei e conquistador. É o triunfo da
Eucaristia, ou melhor, o triunfo da humildade. Este é o desejo do Senhor.
Por que tanta pompa a Jesus, se ele foi sempre pobre nesta
vida? Ora, porque este foi seu desejo expresso na própria bíblia. Ele, sempre
tão pobre e tão humilde, durante a sua vida mortal, exigiu para a instituição
da divina Eucaristia, na última ceia, uma sala ricamente ornada (Lc 22 12) .
Para morar se contentava com uma humilde casa mas, para a
sua Eucaristia, quer um edifício, que se impõe pela grandeza. Por que esta
exigência? Para ensinar por todos os séculos, as honras devidas à Eucaristia. E
assim os homens, vendo o pão, possam rezar: “Verdadeiramente tu es Deus
Escondido” (cf Is 45,15)
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