Na sexta-feira, 23 de março de 2018, o Tenente-coronel da
gendarmaria, Arnaud Beltrame, de 44 anos, para salvar uma jovem refém de um
islamita, deu a sua vida, em troca, fato ocorrido num supermercado da cidade de
Trèbes, em Aude (França). O assaltante o degolou. O padre que o havia
acompanhado durante a sua recente preparação para o casamento católico, que se
daria em junho, dá o seu testemunho:
“Caro Monsenhor, caros irmãos e irmãs, vós todos estais a
par da alegria que senti, por ter estado no hospital, junto ao Coronel Arnaud
Beltrame e sua noiva, Marielle, então, já casados no civil. Estávamos reunidos,
os três, como se já tivesse chegado o momento do casamento, que eu deveria
abençoar muito em breve. No entanto, em vez disso, o que celebramos, foi a
unção dos enfermos no local.
Louvemos ao Senhor pela força que Ele concedeu a este homem
e oficial, lembrando o “gesto generoso e heroico” do tenente-coronel Arnaud
Beltrame. (...) Vós conheceis a sua bela carreira militar. Porém, o mais
importante, é que ele não escondia a alegria que Deus lhe concedera, quando
descobriu a fé católica. Beltrame ─ conta o sacerdote, na página Famille
Chretienne ─, “viveu uma autêntica conversão, em 2008, aos 33 anos de idade.
Recebeu a Primeira Comunhão e a Crisma depois de dois anos de catecumenato, em
2010”. Nós falávamos muito sobre o casamento, a evangelização, sobre o demônio
e outros assuntos.
Intelectualmente brilhante, ele seguiu uma preparação para o
casamento, exigente, com tanta seriedade, que força a minha admiração. Arnaud
era inteligente, esportista, conversador e carismático, e gostava muito de
falar sobre a sua conversão ─ acrescenta. Ele nos marcou pela sua vivacidade e
sua contagiante alegria. Loquaz, era quase tagarela. Às vezes, eu tinha que
interrompê-lo para que Marielle pudesse se exprimir. E ele o fazia, olhando-a
sorridente e carinhosamente, pois este soldado de elite se derretia diante daquela
que amava.
Sua declaração sobre a intenção de se casar na igreja,
casamento que eu deveria celebrar no dia 9 de junho próximo, perto de Vannes, é
admirável. O texto que escreveu, apenas 4 dias antes de sua morte heroica,
prova a sua adesão incondicional e fervorosa à fé católica. E ele reza, de
forma particular, a Nossa Senhora, com gratidão, pede o auxílio a São Miguel e
toma São José como modelo. (...)
Arnaud sabia do risco louco que corria, entregando-se como
refém ao terrorista. Mas o fez, para salvar uma vida, muitas, talvez, pois este
era o seu engajamento de oficial de gendarmaria e de cristão. A crença do
jihadista lhe ordenava matar. A fé cristã de Arnaud o convidava a salvar,
oferecendo a própria vida caso fosse preciso. (...) Então, com Arnaud, e como
ele, estejamos prontos ao sacrifício de nossas vidas por amor a nossos irmãos!
Aonde existe ódio, vamos colocar o amor. Onde houver dúvida, coloquemos a fé.
Onde houver desespero, coloquemos a esperança. Assim seja!”
Padre Jean-Baptiste, cônego regular na Abadia Saint-Marie de
Lagrasse (Aude, França),
Trechos de seu testemunho, na Igreja Saint-Sulpice, em
Paris, na missa do coronel Beltrame, no dia, 28 de março de 2018.
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