Eis uma das maravilhas a serem
admiradas em Assis: extremos opostos que não entram em conflito, mas se
equilibram de forma prodigiosa.
por Irmã Juliane Vasconcelos
Almeida Campos, EP
Ao percorrermos o Velho
Continente, não raro encontramos lugares intensamente marcados pelas virtudes
das pessoas que ali viveram. Há neles um perfume imponderável de santidade que
confere ao ambiente certa unção, um ar de sobrenatural que se irradia até mesmo
pela natureza. Paradigma disso é Assis, ligada de modo indelével a seu filho
mais ilustre: São Francisco.
Ainda hoje o local convida a
imaginar o Poverello passeando pelos aprazíveis campos dos arredores,
encantando-se com as belezas naturais e, a partir delas, compondo seu Cântico
das Criaturas, no total despego dos bens deste mundo: "Bem-aventurados os
que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!" (Mt 5, 3).
Como ponto auge desta
cidade-relicário, no alto da Collis Paradisi, a Colina do Paraíso, se eleva a
imponente basílica Basilica_Assis..jpgque abriga sua sepultura e reflete o
espírito deste varão de sóbrio aspecto, inflamado de zelo pela Sagrada
Eucaristia.
Tal como sua alma, o prédio é
austero em sua exterioridade, mas esplendoroso por dentro. Em meio à euforia
das cores e das luzes que entram tamisadas por magníficos vitrais, seus arcos
góticos e sua majestade apontam para o alto, levando o visitante que ali tem a
graça de estar a uma atitude de enlevo e adoração "Àquele que se assenta
no trono e ao Cordeiro", e que deve receber "louvor, honra, glória e
poder pelos séculos dos séculos" (Ap 5, 13).
As paredes do templo, repletas
de encantadores afrescos, registram inúmeros fatos da vida daquele que, apesar
de não se haver considerado merecedor da dignidade sacerdotal, exortava ao amor
e à veneração ao Sacramento do Altar. Pregando a pobreza para os homens, São
Francisco desejava para o culto toda riqueza e grandiosidade.
Tem-se a impressão de que o
esplendor do templo atende aos rogos do Santo Fundador a seus filhos
espirituais: "supliqueis aos clérigos que sobre todas as coisas honrem o
Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo [...]. Os cálices, os
corporais, os ornamentos do altar, tudo quanto pertence ao Sacrifício, tenham
como coisas preciosas. E se, nalguma parte, o Santíssimo Corpo do Senhor
estiver com muita pobreza abandonado, que eles, como manda a Igreja, O coloquem
em lugar precioso e bem guardado".1
"Eis uma das maravilhas a
serem admiradas em Assis: extremos opostos que nascem dos troncos benditos da
Igreja, que não entram em conflito, mas se equilibram de forma prodigiosa,
manifestando, pelos fulgores da alma de um Santo, algumas das infinitas
perfeições do Criador". (Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2013, n.
142, p. 50-51)
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