MARTÍRIO:
... tão
grande prosperidade da causa do Senhor não podia deixar de inquietar e irritar
os sacerdotes pagãos contra o grande Apóstolo. São Marcos, sabendo que os inimigos
seus e de Cristo estavam conspirando contra sua vida, e, rezando uma
generalização da perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a força
de perseverar na fé, deu à Igreja de Alexandria um novo bispo, na pessoa de
Aniano, e ausentou-se da cidade. Dois anos durou essa ausência. Ao voltar,
havia uma grande festa, que os pagãos celebravam em honra do deus Serapis. A
maior homenagem que podiam render à divindade havia de ser — assim opinavam os
idólatras — a oferta da vida do Galileu: por este nome era conhecido o grande
evangelista.
Imediatamente
se puseram a caminho em busca de Marcos. A eles se uniu o populacho.
Descobrir-lhe paradeiro e penetrar na casa que hospedava, foi obra de minutos.
Marcos estava celebrando os santos mistérios, quando a horda sequiosa do seu
sangue, entrou. Prenderam-no e, com escolhida brutalidade, conduziram-no pelas
ruas da cidade. O trajeto todo ficou marcado do sangue do Mártir. Marcos
nenhuma resistência fez; ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido achado
digno de sofrer pelo nome de Cristo.
Na
noite seguinte apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos, Servo de Deus, teu
nome está escrito no livro da vida, e tua memória jamais se apagará. Os
Arcanjos receberão em paz teu espírito”.
Além
desta teve a aparição de Deus Nosso Senhor, da maneira por que muitas vezes o
tinha visto durante a vida mortal e disse-lhe:
O
leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas
palavras: “Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.
“Marcos,
a paz seja contigo”. Estas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do
Mártir de grande consôlo e ânimo.
O
dia seguinte, 25 de abril, foi o dia do martírio. Os pagãos maltrataram-no de
um modo tal que morreu no meio das crueldades. As últimas palavras que proferiu
foram: “Em vossas mãos encomendo o meu espírito”.
Os
pagãos quiseram incinerar-lhe o corpo. Uma fortíssima tempestade, que
sobreveio, frustrou-lhes os planos e forneceu aos cristãos, ocasião de tirar o
corpo e dar lhe honesta sepultura, numa rocha em Bucoles.
Em
815 foram as relíquias de S. Marcos transportadas para Veneza, onde ainda se
acham. O leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas
palavras: “Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.
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