Carta de S. Francisco a
Todos os Custódios dos Frades Menores
Nota: Durante muito tempo o
presente escrito só era conhecido por uma tradução feita do espanhol por Lucas
Wadding, célebre cronista da Ordem e primeiro colecionador das obras de São
Francisco. Só em época bem recente foi descoberto um manuscrito latino mais
antigo. O estilo e a ordem de idéias comprovam além disso a autenticidade do
opúsculo como obra de São Francisco de Assis.
Eis a carta:
“A todos os custódios dos
frades menores que receberam esta carta, Frei Francisco, pequenino servo vosso
em Deus nosso Senhor, deseja a salvação nos novos sinais do céu e da terra, (1)
que, grandes e excelentíssimos aos olhos do Senhor, são contudo tidos em conta
de vulgares por muitos religiosos e outros homens.
Peço-vos ainda com mais
insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos
clérigos, todas as vezes que o julgueis oportuno e útil, que prestem a mais
profunda reverência ao santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo
bem como a seus santos nomes e palavras escritos, as quais tornam presente o
seu sagrado Corpo. Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar,
enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa (2). E
se em alguma parte o Corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente,
reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente
encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande
respeito e ministrem-no com muita discrição. Igualmente os nomes e palavras
escritas do Senhor deverão ser recolhidas, se encontradas em algum lugar
imundo, e colocadas em lugar decente.
E em todas as pregações que
fizerdes, exortai o povo à penitência e dizei-lhe que ninguém poderá salvar-se
se não receber o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor. E quando o sacerdote o
oferecer em sacrifício sobre o altar, e aonde quer que o leve, todo o povo
dobre os joelhos e renda louvor, de modo que a toda hora, ao dobre dos sinos, o
povo todo, no mundo inteiro, renda sempre graças e louvores ao Deus onipotente.
E todos os meus irmãos
custódios que receberem esta carta e a copiarem e guardarem consigo e a fizerem
copiar para os irmãos incumbidos da pregação e do cuidado pelos irmãos, e
pregarem até o fim o que nela está escrito, saibam que terão a bênção do Senhor
Deus e a minha. E isto lhes seja imposto em virtude da verdadeira e santo
obediência. Amém.
Notas:
(1) Refere-se Francisco no
caso ao Santíssimo Sacramento do Altar.
(2) Donde podemos concluir
que, se alguém disser que a Igreja deve ser pobre até em relação às coisas que
se referem à Santíssima Eucaristia e portanto à Santa Missa, e afirmam-no
querendo se basear em S. Francisco, devemos dizer que não é verdade. Pode ser
outro Francisco, mas nunca São Francisco de Assis. Pode ser por exemplo o padre
jesuíta Francisco Taborda que dizia: “O meu ideal é o que está no evangelho, a
fraternidade e o amor, mas o evangelho não me dá o instrumental científico de
análise da realidade… A análise marxista da realidade é uma aquisição das
ciências sociais”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário