Diante dos soldados do rei Herodes, a Virgem fugia com seu
bebê nos braços. Ao longo do caminho, encontrou uma pombinha que lhe perguntou:
– Para onde estás indo, com seu filhinho?
A Virgem, então, respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Naquele momento, porém, já se percebia a poeirada originada
pela corrida dos cavaleiros, e a pombinha voou para longe.
A Virgem continuava a fugir dos soldados do rei Herodes.
Ao longo do caminho ela encontrou uma codorna que lhe
perguntou:
– Para onde tu estás indo com a tua criança? A Virgem,
então, respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Mas já se ouvia o galope dos cavalos, e a codorna voou,
igualmente.
A Virgem continuava a fugir diante dos soldados do rei
Herodes.
Ao longo do caminho ela encontrou uma cotovia que lhe
perguntou:
– Para onde estás indo com o teu filhinho?
A Virgem respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Mas já dava para ouvir as injúrias dos brutais guerreiros, e
a cotovia fez com que a Virgem se escondesse atrás de uma moita de salvas.
Os soldados de Herodes encontraram a pombinha, e perguntaram
a ela:
– Pomba, tu viste uma mulher passar com seu filho?
A pombinha respondeu-lhes:
– Soldados, ela passou por aqui. E mostrou-lhes o caminho
que a Virgem tinha seguido.
Os soldados de Herodes encontraram a codorna e
perguntaram-lhe:
– Codorna, tu viste passar por aqui uma mulher com o filho
nos braços?
A codorna respondeu-lhes:
– Soldados, ela passou por aqui. E mostrou-lhes, por sua
vez, o caminho seguido pela santa Virgem.
Os soldados de Herodes encontraram, então, a cotovia e
perguntaram a ela:
– Cotovia, tu viste passar por aqui uma mulher com o filho
nos braços?
A cotovia respondeu:
– Soldados, ela passou por aqui. Mas seguiu para bem longe
das salvas, a Virgem e o seu filhinho.
Saibam, agora, o que aconteceu com os três pássaros. Deus
condenou a pomba a arrulhar uma lamentação sem fim e condenou a codorna a fazer
vôos rasantes para fugir dos caçadores. Quanto à cotovia, sua recompensa foi a
de levar a saudação da Virgem ao sol, a cada nova manhã.
Jérôme e Jean Tharaud,
Os contos da Virgem, Plon, 1940.
Nenhum comentário:
Postar um comentário