Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
O suposto exorcismo feito pelo Papa Francisco serviu para
reacender na memória das pessoas a existência do diabo.
Papa Leão XIII
A expressão de Leão XIII era incomum. Os que o conheciam
sabiam que algo acontecera. O olhar de perplexidade e de espanto do Santo
Padre, fixado acima da cabeça do celebrante da Missa a qual assistia,
denunciava a visão. Tratava-se do Maligno. O episódio ocorreu numa manhã comum,
quando o pontífice participava de uma Celebração Eucarística em ação de graças
à celebrada por ele anteriormente, como fazia de costume.
Imediatamente após o susto, o Papa se levantou e se dirigiu
com pressa ao seu escritório particular. Meia hora depois, pediu para que
chamassem o Secretário da Congregação de Ritos. O que pretendia Leão XIII?
Ordenar que se rezasse todos os dias ao término da Missa a popular oração de
invocação a São Miguel Arcanjo e súplica à Virgem Maria para que Deus precipite
Satanás ao inferno. Segundo testemunho do Cardeal Natalli Rocca, em 1946, foi o
próprio Leão XIII quem a redigiu.
Padre José Antonio Fortea
A batalha dos Papas contra o inimigo de Deus não é de agora.
O assunto voltou à baila nas últimas semanas devido a uma oração feita pelo
Papa Francisco a um homem na praça de São Pedro, alegadamente possesso. Para o
renomado exorcista Padre Gabriele Amorth, não há dúvida de que fora um
"exorcismo". Porém, para a Sala de Imprensa do Vaticano, tudo não passou
de uma "oração". A declaração da Santa Sé é corroborada por outro
exorcista, padre José Antonio Fortea, e também pelo mesmo sacerdote que
acompanhava o senhor no dia da prece do Pontífice, padre Ruan Jivas, LC.
O homem, de 49 anos, que aparece nas imagens que correram o
mundo chama-se Angelo V. Casado e pai de dois filhos, há 14 anos ele é vítima
de possessões demoníacas. Conforme relato prestado ao jornal espanhol El Mundo,
a experiência demoníaca começou em 1999, durante uma viagem de ônibus para casa,
no estado mexicano de Michoacán. "Senti que uma energia estranha entrava
no ônibus... tive a sensação de que estava abrindo minhas costelas. Pensei que
fosse um ataque do coração", explicou. Possuído por quatro demônios,
Angelo resolveu romper o silêncio devido ao ceticismo com que as pessoas reagem
a esses casos: "há sacerdotes que não creem na possessão diabólica, que
consideram um problema psiquiátrico. Há muitos possuídos que terminam em
manicômios e morrem sem saber o que se passava".
Padre Gabriel Amorth
Para o padre Gabriele Amorth, exorcista da Diocese de Roma, a
possessão de Angelo V. não é comum, mas uma possessão mensagem. Ele teria a
obrigação de pedir aos bispos mexicanos que condenem a aprovação do aborto no
México, em reparação às mortes e à ofensa à Virgem grávida de Guadalupe.
Segundo o padre Juan Rivas, LC, que acompanha Angelo há algum tempo, 30
exorcismos já foram feitos, mas nenhum obteve sucesso. "Os demônios dizem
que "a Senhora" não os deixará sair enquanto os bispos não cumprirem
a condição, que é o ato de reparação e expiação e a consagração à Maria
Imaculada", disse o sacerdote em entrevista ao portal Zenit.
Angelo V. explicou que decidiu se encontrar com o Papa
Francisco após um sonho com o Pontífice, no qual ele aparecia com uma casula
vermelha, segurando um turíbulo e rodeado por cardeais. A princípio não deu
muita atenção ao sonho, até que assistiu a uma Missa do Santo Padre em que ele
aparecia exatamente como na visão. "Passou-me pela cabeça: tenho que ir a
Roma. Ademais, naquela época estava lendo um livro do Padre Gabriele Amorth no
qual ele dizia que Bento XVI e João Paulo II haviam feito exorcismos em
possuídos".
Os exorcismos feitos por Bento XVI e João Paulo II também
repercutirem na mídia. No caso do Papa polonês, teriam sido três, sendo um
deles poucos anos antes de sua morte, em 2005. Apesar do peso dos 80 anos e da
doença de Mal de Parkinson, o embate entre o Santo Padre e o demônio teria
ocorrido na tarde de 6 de setembro de 2002. A vítima seria uma italiana de 19
anos. Já Bento XVI teria confrontado o ódio do diabo numa das tradicionais
Assembleias gerais de quarta-feira. Segundo o relato do Padre Gabriele Amorth,
ao perceber a agitação dos endemoniados, o Papa alemão fitou-os e os abençoou.
"Para os possessos isso funcionou como um soco em seus corpos por
inteiro", conta o exorcista em seu livro "O último exorcista".
O flagelo do diabo imposto a Angelo já lhe causou grandes
dramas. "Por sorte, meus filhos nunca me viram em transe, mas sabem que
estou doente", lamentou ao El Mundo. Ele confessou que "há momentos
em que os demônios parecem que vão sair, mas nunca se vão". Em um mundo
cada vez mais dilacerado pelo materialismo, a história de Angelo é uma pedra de
tropeço, que revela a existência do Mal e sua antiga batalha contra o Vigário
de Cristo. E como ficou claro desde a sua primeira homilia, no que depender de
Francisco, essa luta ainda perdurará por muitos anos.
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