“Todo este mundo é como
um dilúvio, porque todas as coisas que estão neste mundo, à semelhança das
águas, correm flutuando por eventos incertos.
“Já a verdadeira fé, que
não promete coisas transitórias, mas eternas, levanta a alma como que de certas
ondas, erguendo-a da cobiça deste mundo às coisas do alto; ela pode então ser
levada pelas águas, mas não pode ser inteiramente submergida, porque este mundo
pode ser usado devido à necessidade, mas não pode obrigar o afeto.
“Quem quer que, portanto,
não crendo nas coisas eternas, somente apetece as que são transitórias,
debate-se entre ondas como que sem navio, e o ímpeto das águas que correm o
carregam consigo.
“Quem, porém, crendo nas
eternas, ama as coisas transitórias, este é como aquele que naufragou perto de
um navio.
“Já quem crê nos bens
eternos e os ama, como que já colocado no navio, atravessa seguro as ondas do
mar revolto.
“E se pelo desejo da fé
não abandonar o navio, de certo modo, ainda que no meio das ondas, imita a
estabilidade da terra”.
Hugo de São Vitor, “A
substância do amor”, Inst. in Decalogum Legis Dominicae, C. 4, PL 176, 15-18;
Miscelannea L. I C. 171, PL 177, 563-565.
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