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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

19 de Setembro - Nossa Senhora dos Milagres de Salta (ano: 1592)

 


Na cidade argentina de Salta, situada ao norte do país, venera-se Nossa Senhora dos Milagres de Salta, cuja festa é celebrada em 15 de setembro. A origem dessa devoção vem do ano de 1592, quando no Porto de Callao no Peru, duas caixas flutuando, resultantes de um naufrágio. Em ambas as caixas, havia imagens devocionais. Em uma, a imagem de Cristo Crucificado. Em outra, a imagem da Virgem do Rosário, que estava endereçada a uma capela na cidade argentina de Córdoba. 

Uma das arcas trazia gravado a fogo: "Uma Virgem do Rosário para o Convento dos Pregadores da cidade de Córdoba"; na outra, lia-se: "Um Cristo Crucificado para a igreja matriz da cidade de Salta". 

Era um presente do Bispo Dom Francisco de Victoria às duas cidades.

O fato é que a devoção ficou escondida por quase cem anos, quando fortes terremotos afetaram a cidade de Salta. Então, os fiéis realizaram uma procissão com a imagem do Cristo dos Milagres e da Virgem dos Milagres, clamando pelo fim dos terremotos. E foram atendidos, o que contribuiu para a propagação do culto à Nossa Senhora do Milagre de Salta.

Na verdade, no dia 13 de setembro de 1692 ocorreu um terrível terremoto que devastou aquela região. A cidade vizinha de Esteco ficou arrasada, prédios destruídos, famílias inteiras sepultadas. Completando a desgraça, o rio Las Piedras transbordou, ficando as ruínas da localidade submersas pelas águas de um lago, e assim permaneceram por mais de oito anos. Portanto, uma terrível catástrofe, após a qual aquela cidade passou a ser apenas uma referência histórica. A própria cidade de Salta foi violentamente atingida. O terremoto prolongou-se por meia hora, duração inteiramente incomum, pois normalmente os abalos sísmicos duram segundos ou poucos minutos, mesmo na hipótese de se repetirem várias vezes.

Após o terremoto, os habitantes de Salta quiseram entrar para rezar na igreja, que normalmente estava fechada nesse horário, cerca do meio-dia. Ao fazê-lo, encontraram caída ao solo a imagem que havia sido ali deixada após a procissão realizada dias antes. O nicho onde ela se achara ficou totalmente despedaçado, encontrando-se fragmentos dele por todos os lados. Mas a imagem, mesmo tendo caído, permanecera intacta e voltada para o tabernáculo, como que implorando misericórdia para os moradores da cidade. Estes consideraram o fato um sinal de proteção, e, temendo a repetição do sismo, decidiram levá-la à praça, a fim de que fosse venerada pelos que a haviam abandonado.

Os tremores de terra repetiram-se à noite, cessando, contudo, ao amanhecer do dia 14. Entretanto, à tarde desse mesmo dia houve novas trepidações, provocando terror na população.

Curiosamente, só então os moradores se lembraram de outra imagem — a de um Cristo — que havia sido enviada junto com a Nossa Senhora no mesmo navio que naufragara na costa do Peru, aparecendo boiando em caixas nas águas do porto peruano de Callao, que de lá foram transladadas por terra para Salta. E que tendo chegado a essa cidade, inexplicavelmente a imagem, ficara esquecida durante um século na igreja Matriz, dela restando apenas vaga lembrança.

Assim, na tarde do dia 14, por inspiração divina, o padre jesuíta José Carrión, conhecido e fervoroso pregador, assegurou que, caso se fizesse uma procissão com esse Santo Cristo, cessaria o castigo. Os padres jesuítas expuseram então a imagem na praça existente diante de sua igreja. Ficaram assim as imagens de Cristo e a da Virgem Santíssima a poucos metros uma da outra.

Na manhã do dia 15 foi realizada, com ambas as imagens, uma procissão, após a qual cessaram definitivamente todos os tremores sísmicos e se restabeleceu a calma. E começou-se naturalmente a se falar em milagres.

O terremoto tinha sacudido não só a terra, mas as consciências adormecidas de numerosas pessoas. Muitos se confessaram, outros regularizaram seu casamento, vários restituíram objetos roubados etc.

Sob seus olhos era recente a visão da pavorosa destruição da vizinha cidade de Esteco, cujos moradores não tiveram tempo de fazer penitência, pois que foram colhidos repentinamente pela justa cólera de Deus.

Aos habitantes de Salta poderia ter sido reservada exatamente a mesma sorte...

Por isto doravante decidiram iniciar uma novena anual para agradecer ao Divino Redentor e a Nossa Senhora, por terem perdoado a cidade. Após a novena, ficou decidido que as duas imagens seriam levadas em procissão.

OREMOS: Oh Senhora dos Milagres de Salta, protegei-nos dos desastres e das intempéries naturais. Fortalecei em nós a cultura da vida e da preservação ambiental, para que possamos evitar que a natureza nos devolva o que damos a ela.

Nossa Senhora do Milagre de Salta, rogai por nós!

REFERÊNCIA: ZANON, Frei Darlei. Nossa Senhora de Todos os Nomes: Orações e História de 260 Títulos Marianos. São Paulo: Ed. Paulus, 2014.

CATEDRAL de SALTA/ARGENTINA (ano 1858)

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