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sábado, 4 de dezembro de 2021

SÃO JOSÉ e o PRESÉPIO no DIA de NATAL, por Pe. Júlio MARIA (1952)


Era noite alta, José e Maria não encontraram abrigo nas casas de Belém. Pobres e desprezados, foram abrigar-se em uma gruta onde os pastores protegiam-se nas noites frias de inverno. A gruta está deserta, José amarrou seu jumentinho, e foi explorar o interior da gruta. Paredes nuas, rochosas, frias. No chão palha limpa, feno, e uma manjedoura.

É a mobília do palácio do Rei dos Reis, para quem o luxo dourado não passa de farrapos. José ficou pensativo, inquieto e, escondido de sua esposa MARIA chorou. Se fosse um abrigo para ele, o humilde José aquela gruta pareceria um palácio, todavia, tratava-se da sua doce esposa, a SS. Virgem, que lhe foi confiada pelo próprio Deus.

Então, José entregou tudo nas mãos de Deus, começou a limpeza do ambiente, enquanto Maria sentou-se do lado de fora para comer alguma coisa, pois já era muito tarde. Quando tudo estava pronto, Nossa Senhora sentiu que a hora do nascimento de JESUS CRISTO estava chegando. Alguns santos afirmam que São José, sabendo que aquele mistério era grande demais para seus olhos, saiu da gruta e ficou aguardando. E o milagre se deu!

Era meia noite! Nossa Senhora inclina a cabeça sobre a manjedoura, onde chorava uma criancinha. Com efeito, quem a visse, ativa e preocupada, não teria ideia de ser ela mesma a mãe da criança. Mas, bastaria ver os cuidados e carinhos com os quais cercava o menino, que logo compreenderia, era Sua Mãe!

Ela o tomou nos braços, envolveu em paninhos quentes, beijou e abraçou o fruto bendito de suas entranhas e o depositou nas palhas ásperas do presépio. A criança então adormeceu, embalada pelo amor da adoração de sua mãe.

E São José?

José, prostrado pela fadiga, adormeceu à entrada da gruta. Pé ante pé, e sem palavras, a Virgem Santa acordou o esposo e o levou até à manjedoura.

Pode-se então imaginar o que se passou com São José naquela hora?

Ele viu o menino adormecido e sua mãe Maria, cujo rosto parecia transfigurado e radiante em meio às trevas daquela noite. José ficou sem palavras, Maria não apresentava nem fadiga, nem dor. Grossas lágrimas desceram pela face, José caiu de joelhos, a fronte no pó da terra, ele queria chorar, soluçar, rir. Ele então adorou, aniquilado pelo sentimento de sua indignidade, o Menino Deus que o havia escolhido como pai adotivo e guardião.

É provável que São José recordou-se as palavras que o Anjo lhe tinha dito: “O que dela nascer é obra do Espírito Santo; ela dará à luz um filho e o chamarás Jesus, porque Ele há de salvar seu povo dos seus pecados.” (Mt, 1, 20-21). Ele então compreendeu que Maria, sua esposa é quem acabava de dá-lo à luz, exclamou: “Meu Deus, meu Deus!” E viu que ele mesmo, pobre carpinteiro, de mãos calejadas e de rosto queimado, participava deste sublime mistério! “oh! Deus, será possível?”

E José chorou, soluçou, queria fugir mas, não; humilha-se e adora.

Ele não se parece conosco as vezes? Naqueles momentos que nos sentimos indignos, pobres e pecadores, e Nossa Senhora nos chama para perto do Filho dela, e nós choramos, nos aproximamos do confessionário e de joelhos pedimos perdão.

Este cenário nos convida a ficarmos mais próximo do presépio. Ver que a criança divina dormindo. O choro, as palpitações de seu coraçãozinho, irradiam-se para Maria e José, inclinados sobre a manjedoura. A Virgem Santa, sorrindo toma nos braços o Menino e o deposita nos braços de José, que quase desmaia de emoção e amor. Num beijo prolongado, com o rosto banhado de lágrimas José exprime assim sua gratidão e seu amor.

Eis a cena de Belém, o Natal de Belém! Esta meditação nos leva para mais perto de Deus. Como José, vamos ao presépio adorar nosso Redentor. Adoremos o Menino nos braços de sua Mãe e dela o recebamos para cobri-lo com os beijos de nossa adoração, de nosso amor, e de nossa eterna gratidão.

Na manjedoura se encontra JESUS nos braços de sua Mãe e é ela quem O apresenta à nossa adoração, como o apresentou a São José, aos pastores e aos reis magos. Que neste Natal, estejamos dentro da gruta de Belém, amando a Deus e sentindo-nos amados por Ele, sua mãe e São José.

Um Santo Natal.

Fonte: MARIA, Pe. Júlio, O Evangelho das Festas Litúrgicas e dos Santos mais Populares, Ed. O Lutador, Munhamirim – MG, 1952.

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