Em Maria, “cheia de graça”, a Igreja reconheceu “a toda santa e imune de qualquer mancha de pecado” “enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular” (LG, 56).
Este reconhecimento requereu um longo itinerário de reflexão doutrinal, que levou por fim à proclamação solene do dogma da Imaculada Conceição.
O apelativo “que se tornou cheia de graça”, dirigido pelo anjo a Maria na Anunciação, alude ao excepcional favor divino concedido à jovem de Nazaré, em vista da maternidade anunciada, mas indicada de modo mais direto o efeito da graça e, por conseguinte santificada. A qualificação tem um significado muito denso, que o Espírito Santo jamais deixou de fazer com que fosse aprofundado p0ela Igreja.
Na saudação do anjo a expressão “cheia de graça” tem quase o valor de nome: é o nome de Maria aos olhos de Deus. No uso semítico, o nome exprime a realidade das pessoas e das coisas a que se refere. Por conseguinte, o título “cheia de graça” manifesta a dimensão mais profunda da personalidade da jovem mulher de Nazaré, a tal ponto plasmada pela graça e objeto do favor divino, que pode ser definida por esta especial predileção.
O Concílio recorda que a essa verdade aludiam os Padres da Igreja, quando chamavam a Maria “toda santa”, afirmando contemporaneamente que ela tinha sido “plasmada pelo Espírito Santo e tornada uma nova criatura” (LG, 56).
A graça, entendida no significado de “graça santificante” que opera a santidade pessoal, realizou em Maria a nova criação, tornado-a plenamente conforme ao projeto de Deus
Deste modo, a reflexão doutrinal pôde atribuir a Maria uma perfeição de santidade que, par ser completa, devia necessariamente investir a origem da sua vida.
Na direção desta pureza original parece ter-se movido um bispo da Palestina, que viveu entre os anos 550 e 650, Theotókos de Livias. Ele, ao apresentar Maria como “santa e toda bela”, “pura e sem mancha”, alude ao seu nascimento nestes termos: “Nasce como os querubins, aquela que é dum barro puro e imaculado” (Panegírico para a festa da Assunção, 5-6).
Esta última expressão, recordando a criação do primeiro homem, plasmado dum barro não manchado pelo pecado, atribui ao nascimento de Maria as mesmas características; também a origem da Virgem foi “pura e imaculada”, isto é, sem pecado algum. A comparação com os querubins, além disso, reafirma a excelência da santidade que caracterizou a vida de Maria desde os primórdios da sua existência.
A afirmação de Theotókos indica uma etapa significativa da reflexão teológica sobre o mistério da Mãe do Senhor. Os Padres gregos e orientais tinham admitido uma purificação, operada pela graça em Maria quer antes da Encarnação (S. Gregório de Nazianzo, Oratio 38,16), quer no momento mesmo da Encarnação (Santo Efrém, Saveriano de Gabala, Tiago de Sarug). Theoteknos de Livias parece requerer para Maria uma pureza absoluta desde o início da sua vida. Com efeito, Aquela que foi destinada a tornar-se a Mãe do Salvador, não podia deixar de ter uma origem perfeitamente santa, sem mancha alguma.
No século VIII, André de Creta, é o primeiro teólogo que vê na natividade de Maria uma nova criação. Ela assim argumenta: “Hoje a humanidade, em todo o fulgor da sua nobreza imaculada recebe a sua beleza antiga. As vergonhas do pecado tinham obscurecido o esplendor e o fascínio da natureza humana; mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência, esta natureza recupera, na sua pessoa, os seus antigos privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito e verdadeiramente digno de Deus... Hoje a reforma da nossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetido a uma transformação totalmente divina, recebe as primícias da segunda criação” (Serm. I sobre a Natividade de Maria).
Retomando depois a imagem do barro primitivo, ele afirma: “O corpo da Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as primícias da massa adamítica divinizada em Cristo, a imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o barro amassado pelas mãos do Artista divino” (Serm. I sobre a dormição de Maria).
A Conceição pura e imaculada de Maria mostra-se assim como o início da nova criação. Trata-se de um privilégio pessoal concedido à mulher, escolhida para ser a Mãe de Cristo, que inaugura o tempo da graça abundante, querido por Deus para a humanidade inteira.
Esta doutrina, retomada no mesmo século VIII por S. Germano de Constantinopla e por S. João Damasceno, ilumina o valor da santidade original de Maria, apresentada como o início da redenção do mundo.
Desse modo a reflexão eclesial acolhe e manifesta o sentido autêntico do título “cheia de graça”, atribuído pelo anjo à Virgem Santa. Maria é cheia de graça santificante, e é tal desde o primeiro instante da sua existência. Esta graça, segundo a Carta aos Efésios (1,6), é conferida em Cristo a todos os crentes. A santidade original de Maria constitui o modelo insuperável do dom e da difusão da graça de Cristo no mundo.
Este reconhecimento requereu um longo itinerário de reflexão doutrinal, que levou por fim à proclamação solene do dogma da Imaculada Conceição.
O apelativo “que se tornou cheia de graça”, dirigido pelo anjo a Maria na Anunciação, alude ao excepcional favor divino concedido à jovem de Nazaré, em vista da maternidade anunciada, mas indicada de modo mais direto o efeito da graça e, por conseguinte santificada. A qualificação tem um significado muito denso, que o Espírito Santo jamais deixou de fazer com que fosse aprofundado p0ela Igreja.
Na saudação do anjo a expressão “cheia de graça” tem quase o valor de nome: é o nome de Maria aos olhos de Deus. No uso semítico, o nome exprime a realidade das pessoas e das coisas a que se refere. Por conseguinte, o título “cheia de graça” manifesta a dimensão mais profunda da personalidade da jovem mulher de Nazaré, a tal ponto plasmada pela graça e objeto do favor divino, que pode ser definida por esta especial predileção.
O Concílio recorda que a essa verdade aludiam os Padres da Igreja, quando chamavam a Maria “toda santa”, afirmando contemporaneamente que ela tinha sido “plasmada pelo Espírito Santo e tornada uma nova criatura” (LG, 56).
A graça, entendida no significado de “graça santificante” que opera a santidade pessoal, realizou em Maria a nova criação, tornado-a plenamente conforme ao projeto de Deus
Deste modo, a reflexão doutrinal pôde atribuir a Maria uma perfeição de santidade que, par ser completa, devia necessariamente investir a origem da sua vida.
Na direção desta pureza original parece ter-se movido um bispo da Palestina, que viveu entre os anos 550 e 650, Theotókos de Livias. Ele, ao apresentar Maria como “santa e toda bela”, “pura e sem mancha”, alude ao seu nascimento nestes termos: “Nasce como os querubins, aquela que é dum barro puro e imaculado” (Panegírico para a festa da Assunção, 5-6).
Esta última expressão, recordando a criação do primeiro homem, plasmado dum barro não manchado pelo pecado, atribui ao nascimento de Maria as mesmas características; também a origem da Virgem foi “pura e imaculada”, isto é, sem pecado algum. A comparação com os querubins, além disso, reafirma a excelência da santidade que caracterizou a vida de Maria desde os primórdios da sua existência.
A afirmação de Theotókos indica uma etapa significativa da reflexão teológica sobre o mistério da Mãe do Senhor. Os Padres gregos e orientais tinham admitido uma purificação, operada pela graça em Maria quer antes da Encarnação (S. Gregório de Nazianzo, Oratio 38,16), quer no momento mesmo da Encarnação (Santo Efrém, Saveriano de Gabala, Tiago de Sarug). Theoteknos de Livias parece requerer para Maria uma pureza absoluta desde o início da sua vida. Com efeito, Aquela que foi destinada a tornar-se a Mãe do Salvador, não podia deixar de ter uma origem perfeitamente santa, sem mancha alguma.
No século VIII, André de Creta, é o primeiro teólogo que vê na natividade de Maria uma nova criação. Ela assim argumenta: “Hoje a humanidade, em todo o fulgor da sua nobreza imaculada recebe a sua beleza antiga. As vergonhas do pecado tinham obscurecido o esplendor e o fascínio da natureza humana; mas quando nasce a Mãe do Belo por excelência, esta natureza recupera, na sua pessoa, os seus antigos privilégios e é plasmada segundo um modelo perfeito e verdadeiramente digno de Deus... Hoje a reforma da nossa natureza começa e o mundo envelhecido, submetido a uma transformação totalmente divina, recebe as primícias da segunda criação” (Serm. I sobre a Natividade de Maria).
Retomando depois a imagem do barro primitivo, ele afirma: “O corpo da Virgem é uma terra que Deus trabalhou, as primícias da massa adamítica divinizada em Cristo, a imagem verdadeiramente semelhante à beleza primitiva, o barro amassado pelas mãos do Artista divino” (Serm. I sobre a dormição de Maria).
A Conceição pura e imaculada de Maria mostra-se assim como o início da nova criação. Trata-se de um privilégio pessoal concedido à mulher, escolhida para ser a Mãe de Cristo, que inaugura o tempo da graça abundante, querido por Deus para a humanidade inteira.
Esta doutrina, retomada no mesmo século VIII por S. Germano de Constantinopla e por S. João Damasceno, ilumina o valor da santidade original de Maria, apresentada como o início da redenção do mundo.
Desse modo a reflexão eclesial acolhe e manifesta o sentido autêntico do título “cheia de graça”, atribuído pelo anjo à Virgem Santa. Maria é cheia de graça santificante, e é tal desde o primeiro instante da sua existência. Esta graça, segundo a Carta aos Efésios (1,6), é conferida em Cristo a todos os crentes. A santidade original de Maria constitui o modelo insuperável do dom e da difusão da graça de Cristo no mundo.
• L´Osservatore Romano, Ed. Port. n.20, 18/05/96, pag. 12(248). Do Livro: A VIRGEM MARIA – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora, Papa João Paulo II
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