10. Sobrevivência da Igreja e indignidade dos cristãos. (4 de Outubro de 1822)
Quando esta noite vi a São Francisco levando sobre seus ombros a igreja, segundo a visão que teve o Papa, vi que um homem de baixa estatura em cujo rosto tinha um pouco de judeu, levava a costas a Igreja de São Pedro, o qual me pareceu muito perigoso. Na parte norte, sobre a Igreja, estava Maria protegendo-a sob seu manto. Dir-se-ia que aquele homem ia cair. Parecia-me que o conhecia. Aqueles doze a quem sempre vejo como novos apóstolos vinham socorrer-lhe, mas demasiado devagar.
Já ia cair, quando por fim chegaram todos e se puseram em baixo dela; também ajudaram muitos anjos. Tratava-se de salvar só o solo e a parte posterior da igreja, pois tudo o demais o tinham destruído pelas seitas e ainda os mesmos eclesiásticos. Aqueles levavam à igreja a outro lugar e parecia que a seu passo vinham por terra muitos palácios como se fossem campos de lavoura. Vendo em ruína à Igreja de São Pedro e os muitos eclesiásticos que tinham trabalhado em destruí-la sem que nenhum quisesse dizer adiante dos demais o que tinha feito, senti tal tristeza que tive de clamar em alta voz pedindo a Jesus misericórdia.
Então vi adiante de mim a meu Celestial esposo em figura de um mancebo, que falou longo tempo comigo. Disse-me que esta translação da Igreja significava que na aparência tinha de cair em terra por completo, mas que descansava nestas colunas e que delas tinha de surgir de novo; que ainda que não ficasse mais do que um só cristão católico no mundo, ela podia vencer, pois não está fundada na razão nem no conselho dos homens.
Depois me mostrou que na Igreja nunca tinham faltado fiéis que fizessem oração e padecessem por ela. Mostrou-me ademais o que Ele tinha padecido pela Igreja, a virtude que tinha comunicado aos méritos e trabalhos dos mártires e que tudo o voltaria a padecer de novo se fora possível. Também me mostrou em inumeráveis cenas a miserável conduta dos cristãos e dos eclesiásticos, em círculos cada vez maiores, em todo mundo e em minha pátria, e me exortou a orar com perseverança e a padecer por eles.
Havia uma grandeza e tristeza incompreensíveis nesta cena, que não posso descrever. Também se me deu a entender que, já quase não restavam mais cristãos verdadeiros, bem como entendi que muitos judeus que agora existem, são fariseus e ainda piores do que os fariseus do tempo de Jesus. Só o povo de Judit na África está composto de antigos verdadeiros judeus.
Desta Judit se fala extensamente no capítulo Visões de uma comunidade hebréia em Abissínia.
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