A tradição, tal como aparece num documento do século XII, conservado na Catedral de Saragossa, remonta à época imediata posterior à crucifixão, ressurreição e ascensão de Jesus, quando seus apóstolos, fortificados pelo Espírito Santo, começaram a divulgar a mensagem que Ele deixou - o seu Evangelho - por toda Israel e, pouco depois, pelo Império Romano. Os documentos relatam, textualmente, que, um desses apóstolos, Tiago (o "Maior"), filho de Zebedeu e irmão de São João, teria viajado para oeste até Saragossa, a nordeste da Espanha (Passando pela Astúria, chegou a um território chamado Celtibéria, onde estava situada a cidade de Saragossa às margens do rio Ebro). A tradição sustenta que, no dia 2 de janeiro do ano 40, São Tiago estava reunido com seus discípulos às margens do Rio Ebro, todos imersos em profunda oração, quando ouviram vozes angelicais a cantar "Ave Maria, cheia de graça" e viram a Santa Mãe de Jesus sobre um pilar de mármore. A Virgem Santíssima, que ainda vivia na Terra, entregou a São Tiago uma pequena estátua representando a si mesma, esculpida em madeira sobre uma coluna de madeira e jaspe, e instruiu-o a erigir uma igreja em sua honra: "Este local será minha casa, e esta imagem e esta coluna constituirão o nome e o altar do templo que você deve construir." E ela prometeu que aquele local persistiria até o final dos tempos e que a virtude de Deus iria realizar maravilhas por meio de sua intercessão para aqueles que solicitassem o seu amparo em momentos de aflição. Cerca de um ano após a aparição, Tiago logrou construir uma pequena capela em honra de Maria - a primeira igreja dedicada à Virgem Maria. Após ter retornado a Jerusalém, o jovem santo foi executado sob Herodes Agripa, cerca de 44 d.C. Ele foi o primeiro apóstolo a testemunhar sua fé com o martírio. Alguns dos seus discípulos recuperaram o corpo, levando-o para ser sepultado na Espanha. A rainha local, observando os inúmeros milagres realizados pelos discípulos de Tiago, converteu-se ao cristianismo e permitiu que o corpo dele fosse sepultado num campo local. Oito séculos depois, erigiu-se uma catedral sobre a sua tumba. (Esta fora redescoberta por um eremita que encontrara o túmulo, após notar uma formação estelar incomum no céu). O local da catedral foi chamado Compostella (campo de estrelas) e é um local de peregrinação muito honrado até os dias de hoje. A coluna e a estátua ainda podem ser vistas, em ocasiões especiais, numa igreja que as tem sob sua guarda. O mais antigo documento a relatar a tradição de Maria, tendo aparecido ao apóstolo Tiago, data do século XII. Porém, desde antes das invasões árabes, ocorridas em 711, já existia uma Igreja consagrada a ela, a Igreja de Santa Maria. E, a descoberta de subterrâneos, quando da reconstrução da basílica, mostra que, durante as perseguições romanas, os cristãos iam, secretamente, venerar Nossa Senhora, exatamente no lugar em que, segundo a mesma tradição, Ela havia pousado os seus pés. Sobre o sarcófago de Santa Engrácia - mártir daquela época - que se mantém em Saragossa desde o século IV, pode-se ver um baixo-relevo que, segundo interpretações, representa, concomitantemente, a Assunção de Maria ao Céu e a descida de Maria do Céu, quando apareceu a São Tiago. Durante o pontificado de Pio XII, a Virgen del Pilar foi proclamada padroeira hispânica, unindo assim, sob a mesma proteção, os países de língua espanhola do antigo e do novo continente. E foi, justamente no ano de 1492, em 12 de outubro, festa da Nossa Senhora do Pilar, que as três caravelas de Cristóvão Colombo descobriram o Novo Mundo, enquanto, em Saragossa, aos pés da Virgem, rezava-se para o perfeito sucesso da expedição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário