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sexta-feira, 22 de março de 2013

CUIDADO PARA ONDE E COMO VOCÊ OLHA



Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas.

“Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem”, diz Jó (Job 31, 1). Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem?

Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.

Santo Agostinho diz: “Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência”. Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade.

Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. “As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos”.

Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigiar!

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: “Meus olhos me roubaram a vida” (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte.

São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): “Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade”. “Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria”. É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.

Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para quardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos.

“Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo” (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

São Francisco de Sales dizia: “Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas”. Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes.

São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos.

Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar. Santa Clara nunca olhava para a face de um homem. Aconteceu uma vez que, levantando os olhos para a Hóstia Sagrada, durante a Elevação, viu o rosto do sacerdote, com o que ficou profundamente aflita.

Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não exceptuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora.

São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma.

Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar.

Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): “Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la”. E São Gregório diz: “Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma”.

Tendo se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando trata va com mulheres, respondeu: “Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado”.

Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações. Quem já tem recolhimento de espírito durante a oração, tome muito cuidado para não se ver privado dessa graça dando liberdade a seus olhos.

Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito.

“Olhos baixos elevam o coração para o Céu”, dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: “Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia”.

Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.

Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens vêem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. “Pelo rosto se conhece o homem”, diz a Escritura (Ecli 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente.

Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): “Uma lâmpada que arde e ilumina”. Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o vêem.

Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): “Somos o espetáculo dos anjos e dos homens”. “A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens” (Filip 4, 5).

Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.

Exemplos dos santos

É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a uma companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. ‘Mas quando farás o sermão?’, perguntou-lhe o companheiro. ‘Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo’.

Santo Ambrósio diz que a modéstia das pessoas virtuosas é uma exortação mui poderosa ao coração dos mundanos. “Quão belo não seria se bastasse te apresentares em público para fazeres bem aos outros!” (In ps. 118, s. 10).

De São Bernardino de Sena se conta que, mesmo antes de entrar para o convento, bastava só a sua presença para pôr fim às conversas livres de seus companheiros; mal o avistavam, diziam uns para os outros: Silêncio, Bernardino vem vindo; e então calavam-se ou começavam a falar de outras coisas.

Santo Efrém, segundo o testemunho de São Gregório de Nissa, era tão modesto, que já a sua vista estimulava à devoção, e não se podia vê-lo sem se sentir levado a se tornar melhor. Mais admirável ainda é o que nos refere Suvio, do santo sacerdote e mártir Luciano: só por sua modéstia moveu muitos pagãos a abraçarem a santa Fé.

O imperador Mazimiano, que fôra disso informado, temendo sentir a sua influência e ser obrigado a converter-se, citou-o à sua presença, mas não quis vê-lo, e sujeitou-o ao interrogatório ocultando-o a suas vistas por uma cortina estendida entre os dois.

Ideal perfeito de modéstia

Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: “Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo”
(II Cor 10, 1).

Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: “Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra”.

De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: “Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade” (Sl 118,37).

Santo Afonso Maria de Ligório, Tratado da Castidade

Fonte: Blog Escrito dos santos

terça-feira, 19 de março de 2013

A VERDADEIRA SANTA POBREZA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS


Carta de S. Francisco a Todos os Custódios dos Frades Menores

Nota: Durante muito tempo o presente escrito só era conhecido por uma tradução feita do espanhol por Lucas Wadding, célebre cronista da Ordem e primeiro colecionador das obras de São Francisco. Só em época bem recente foi descoberto um manuscrito latino mais antigo. O estilo e a ordem de idéias comprovam além disso a autenticidade do opúsculo como obra de São Francisco de Assis.

Eis a carta:

“A todos os custódios dos frades menores que receberam esta carta, Frei Francisco, pequenino servo vosso em Deus nosso Senhor, deseja a salvação nos novos sinais do céu e da terra, (1) que, grandes e excelentíssimos aos olhos do Senhor, são contudo tidos em conta de vulgares por muitos religiosos e outros homens.

Peço-vos ainda com mais insistência do que se pedisse por mim mesmo, supliqueis humildemente aos clérigos, todas as vezes que o julgueis oportuno e útil, que prestem a mais profunda reverência ao santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo bem como a seus santos nomes e palavras escritos, as quais tornam presente o seu sagrado Corpo. Os cálices e corporais que usam, os ornamentos do altar, enfim tudo quanto se relaciona ao sacrifício, sejam de execução preciosa (2). E se em alguma parte o Corpo do Senhor estiver sendo conservado muito pobremente, reponham-no em lugar ricamente adornado e ali o guardem cuidadosamente encerrado segundo as determinações da Igreja, levem-no sempre com grande respeito e ministrem-no com muita discrição. Igualmente os nomes e palavras escritas do Senhor deverão ser recolhidas, se encontradas em algum lugar imundo, e colocadas em lugar decente.

E em todas as pregações que fizerdes, exortai o povo à penitência e dizei-lhe que ninguém poderá salvar-se se não receber o santíssimo Corpo e Sangue do Senhor. E quando o sacerdote o oferecer em sacrifício sobre o altar, e aonde quer que o leve, todo o povo dobre os joelhos e renda louvor, de modo que a toda hora, ao dobre dos sinos, o povo todo, no mundo inteiro, renda sempre graças e louvores ao Deus onipotente.

E todos os meus irmãos custódios que receberem esta carta e a copiarem e guardarem consigo e a fizerem copiar para os irmãos incumbidos da pregação e do cuidado pelos irmãos, e pregarem até o fim o que nela está escrito, saibam que terão a bênção do Senhor Deus e a minha. E isto lhes seja imposto em virtude da verdadeira e santo obediência. Amém.

Notas:

(1) Refere-se Francisco no caso ao Santíssimo Sacramento do Altar.

(2) Donde podemos concluir que, se alguém disser que a Igreja deve ser pobre até em relação às coisas que se referem à Santíssima Eucaristia e portanto à Santa Missa, e afirmam-no querendo se basear em S. Francisco, devemos dizer que não é verdade. Pode ser outro Francisco, mas nunca São Francisco de Assis. Pode ser por exemplo o padre jesuíta Francisco Taborda que dizia: “O meu ideal é o que está no evangelho, a fraternidade e o amor, mas o evangelho não me dá o instrumental científico de análise da realidade… A análise marxista da realidade é uma aquisição das ciências sociais”.


segunda-feira, 11 de março de 2013

CRISTÃO VERDADEIRO, QUAL O TÍTULO BÍBLICO MAIS ANTIGO EM HOMENAGEM A MÃE DE DEUS, MARIA SANTÍSSIMA - SEMPRE VIRGEM MARIA ???


Nossa Senhora do Carmo, ou do Monte Carmelo.

Trata-se de mais antiga devoção a Nossa Senhora, pois originou-se no Antigo Testamento.

O profeta Elias viu, simbolizada numa nuvenzinha, a Mãe do Salvador, quando ele estava rezando no Monte Carmelo, Terra Santa, acossado pelas tropas do ímpio Acab, rei prevaricador de Israel.

Por isso, na Missa desta festa, em lugar da Epístola, a Igreja mandava ler o seguinte trecho do Antigo Testamento:

"Eu sou a mãe do amor formoso, e do temor, e do conhecimento, e da santa esperança. Em mim há toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude. Passai-vos a mim todos os que me cobiçais, enchei-vos dos meus frutos; porque o meu espírito é mais doce do que o mel, e a minha herança vence em doçura o mel e o favo" (Ecl 24, 24-27)

Desde então, os discípulos de Santo Elías, foram chamados "os filhos do profeta" cultuaram a Mãe do Messias que iria vir. A Ordem do Carmo é a continuadora deste filão mariano.


quinta-feira, 7 de março de 2013

A VIRGEM DOS PÁSSAROS


Diante dos soldados do rei Herodes, a Virgem fugia com seu bebê nos braços. Ao longo do caminho, encontrou uma pombinha que lhe perguntou:
– Para onde estás indo, com seu filhinho?
A Virgem, então, respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Naquele momento, porém, já se percebia a poeirada originada pela corrida dos cavaleiros, e a pombinha voou para longe.

A Virgem continuava a fugir dos soldados do rei Herodes.
Ao longo do caminho ela encontrou uma codorna que lhe perguntou:
– Para onde tu estás indo com a tua criança? A Virgem, então, respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Mas já se ouvia o galope dos cavalos, e a codorna voou, igualmente.

A Virgem continuava a fugir diante dos soldados do rei Herodes.
Ao longo do caminho ela encontrou uma cotovia que lhe perguntou:
– Para onde estás indo com o teu filhinho?
A Virgem respondeu:
– Estou fugindo dos soldados do rei Herodes.
Mas já dava para ouvir as injúrias dos brutais guerreiros, e a cotovia fez com que a Virgem se escondesse atrás de uma moita de salvas.

Os soldados de Herodes encontraram a pombinha, e perguntaram a ela:
– Pomba, tu viste uma mulher passar com seu filho?
A pombinha respondeu-lhes:
– Soldados, ela passou por aqui. E mostrou-lhes o caminho que a Virgem tinha seguido.

Os soldados de Herodes encontraram a codorna e perguntaram-lhe:
– Codorna, tu viste passar por aqui uma mulher com o filho nos braços?
A codorna respondeu-lhes:
– Soldados, ela passou por aqui. E mostrou-lhes, por sua vez, o caminho seguido pela santa Virgem.

Os soldados de Herodes encontraram, então, a cotovia e perguntaram a ela:
– Cotovia, tu viste passar por aqui uma mulher com o filho nos braços?
A cotovia respondeu:
– Soldados, ela passou por aqui. Mas seguiu para bem longe das salvas, a Virgem e o seu filhinho.
Saibam, agora, o que aconteceu com os três pássaros. Deus condenou a pomba a arrulhar uma lamentação sem fim e condenou a codorna a fazer vôos rasantes para fugir dos caçadores. Quanto à cotovia, sua recompensa foi a de levar a saudação da Virgem ao sol, a cada nova manhã.

Jérôme e Jean Tharaud,
Os contos da Virgem, Plon, 1940.

OS ESTIGMAS DO PADRE PIO: HOLOCAUSTO PELOS MAUS ECLESIÁSTICOS, ALGUNS DOS QUAIS O PERSEGUIRAM


O Padre Pio de Pietrelcina, segundo informou a agência Zenit (22/9/08), recebeu em 1918 os estigmas de Jesus Crucificado.

Foi durante uma aparição em que Nosso Senhor o convidou a unir-se à sua Paixão para participar da salvação sobre tudo dos eclesiásticos.

O dado foi esclarecido após a recente abertura dos arquivos do antigo Santo Ofício de 1939 (atual Congregação para a Doutrina da Fé).

De fato, o santo foi muito perseguido por seguidores dos auto-denominados “progressistas” fautores da crise que abala a crise da Igreja. Eles abriram processos contra o Padre Pio nessa Congregação.

O fenômeno místico está descrito no livro “Padre Pio sotto inchiesta. L'autobiografia segreta” do sacerdote historiador italiano Francesco Castelli.

O testemunho do santo foi recolhido por D. Raffaello Carlo Rossi, bispo de Volterra e Visitador Apostólico enviado pelo Santo Ofício para “inquirir” em secreto o Padre Pio.

O bispo julgou que a origem do fato extraordinário era divina, desmentindo ponto por ponto as hipóteses contrárias espalhadas pelo Pe. Agostino Gemelli. Este desqualificava os estigmas como mero “fruto da sugestão”.

O Padre Pio descreveu assim o acontecido: “Em 20 de setembro de 1918, depois da celebração da Missa, ao entreter-me para fazer a ação de graças no Coro, em um momento fui assaltado por um grande tremor, depois voltei para a calma e vi Nosso Senhor com a postura de quem está na cruz.

“Não teria me impressionado se tivesse a Cruz, lamentando-se da falta de correspondência dos homens, especialmente dos consagrados a Ele e, por isso, mais favorecidos.

“Assim se manifestava que ele sofria e que desejava associar as almas à sua Paixão.

“Convidava-me a compenetrar-me com suas dores e a meditá-las: ao mesmo tempo , a ocupar-me da saúde dos irmãos. Imediatamente me senti cheio de compaixão pelas dores do Senhor e lhe perguntava o que podia fazer.

“Ouvi esta voz: 'Eu te associo á minha Paixão'. E logo depois, desaparecida a visão, voltei a mim, recobrei a razão e vi estes sinais aqui, dos quais pingava sangue. Antes não tinha nada.”

O Padre Pio relatou que em 7 de abril de 1913, Jesus, com “uma grande expressão de desgosto no rosto”, olhando para uma multidão de sacerdotes, disse-lhe:

“Eu estarei em agonia até o fim do mundo, por causa das almas mais beneficiadas por mim”.

Segundo o bispo-Visitador as feridas do Padre Pio não cicatrizavam.

Permaneciam inexplicavelmente abertas e sangrando, apesar de o frade ter tentado conter o sangue.

“Isso testifica a favor de sua autenticidade, explica o Pe Castelli, porque o ácido fênico, que segundo alguns teria sido utilizado pelo Padre Pio para produzir as chagas, uma vez aplicado, acaba por consumir os tecidos, inflamando as áreas circundantes.”

“Das chagas se desprendia também um perfume intenso de violeta ao lugar do odor fétido causado pelos processos degenerativos, pelas necroses dos tecidos, ou pela presença de infecções”, completa o relatório.


domingo, 3 de março de 2013

Beato Francisco Palau O.C.D.: Lúcifer, autor da revolta no Céu, instiga uma Revolução análoga na Terra


As antevisões do Beato Francisco Palau y Quer O.C.D. (1811-1872) impressionam pela penetração e riqueza de panoramas.

As suas previsões referentes aos dias de hoje são surpreendentemente detalhadas, abrangentes, fruto de longos estudos dos autores sagrados, Doutores e grandes teólogos da Igreja.

O Beato via os eventos históricos futuros imediatos se desenvolvendo segundo uma sequência fundamental:

1°. A marcha do mundo em direção à dissolução social e ao estabelecimento de uma anti-ordem caótica como fruto de uma Revolução anticristã;

2°. A denúncia dessa Revolução por um enviado de Deus e seus discípulos, seguida da justa punição divina da iniquidade;

3°. A restauração da Igreja e das nações por obra do Espírito Santo e o advento de um período em que as pessoas imbuídas do espírito do Evangelho dariam uma glória a Deus historicamente inigualável. Esse período histórico duraria até o fim do mundo.

Lúcifer, autor da revolta no Céu, instiga uma Revolução análoga na Terra. O bem-aventurado frade deplorava as sucessivas quebras das instituições fundamentais da ordem cristã como a família e a propriedade.

Lamentava a demolição da moralidade e dos estilos de vida tradicionais, minados pela revolução industrial. Condenava a derrubada das formas tradicionais de governo por constantes golpes políticos.

Não aceitava que todas essas demolições convergentes fossem resultado do acaso. Pelo contrário, a variedade imensa das crises era para ele resultante de uma causa única.

Ele se perguntava se por detrás delas, no comando, não havia alguma inteligência forçosamente diabólica.

Nossa Senhora das Virtudes, grande devoção do Beato Palau. Sim, respondia ele, o próprio Lúcifer, que seduziu um terço dos anjos no céu, apoderou-se do coração de uma série de homens-chave na Terra e mais uma vez ergueu a bandeira da revolta.

Esse novo Non serviam (“Eu não servirei”) é a grande causa das crises no mundo, concluía. E essa para ele tinha um nome: “Revolução”.

“O que é a Revolução? – explicou – É hoje na Terra aquilo mesmo que aconteceu no Céu quando Deus criou os anjos: Satanás (...) seduziu todos os reis e governos da terra e com a bandeira ao vento dirige seus exércitos na guerra contra Deus, (...) isto é revolução, isto é anarquia entre os homens e guerra contra Deus” (“Triunfo de la Cruz”, El Ermitaño, Nº 125, 30-3-1871.).

“Satanás é o pai da Revolução – ensinava, parafraseando um célebre escrito de Mons. de Ségur –, essa é a obra dele, iniciada no Céu e que vem se perpetuando entre os homens de geração em geração.

“Por primeira vez após seis mil anos ele teve a ousadia de proclamar diante do Céu e da Terra o seu verdadeiro e satânico nome: Revolução!

“A Revolução tem como lema, a exemplo do demônio, a famosa frase: não obedecerei! Satânica em sua essência, ela aspira a derrubar todas as autoridades e seu objetivo derradeiro é a destruição total do reino de Jesus Cristo sobre a terra” (“Adentros del catolicismo – abominaciones predichas por Daniel profeta en el lugar santo: Apostasía”, El Ermitaño, Nº 21, 25-3-1869.).

Segundo o bem-aventurado, essa Revolução realiza os anúncios das Sagradas Escrituras relativos à apostasia dos últimos tempos. A análise racional, tranquila e vigorosa dos acontecimentos sóciopolíticos contemporâneos o confirmava nesta sua convicção.

 A Revolução leva a uma catástrofe  que o Beato Palau queria evitar. No século XIX a humanidade imergia de modo displicente e veloz na anarquia, impelida pelas tendências desordenadas que alimentam a Revolução, especialmente o orgulho e a sensualidade. Por isso, o Beato Palau concluiu que a dinâmica revolucionaria impulsiona o mundo de modo implacável ao caos e ao desaparecimento da ordem social.

O beato usava como exemplo um acidente ferroviário que abalou seus contemporâneos. Um temporal derribara uma ponte na Catalunha, e um trem expresso – naquela época símbolo embriagador do progresso industrial – sem saber do acontecido, precipitou-se no abismo durante a noite.

Ele viu no acidente uma parábola do mundo superficial e despreocupado, portador de restos de cultura e religião, sendo conduzido pela Revolução rumo a uma catástrofe que o bem-aventurado desejava evitar, mas que ninguém queria ouvir falar:

Guerra Civil Espanhola: um passo na marcha da Revolução

Uma horrorosa catástrofe anunciada pelos profetas, por Cristo, pelos Apóstolos e por todos os porta-vozes mais autorizados do catolicismo. A sociedade atual, conduzida em massa pelo poder das trevas e pelo poder político, subiu num trem. Mas os maquinistas a levam para os infernos. A estação de onde saiu chama-se Revolução, a próxima estação chama-se Catástrofe Social.

“Agora o trem circula entre uma estação e outra. Os passageiros não pensam, o Ermitão dá berros fortíssimos: ‘Parem, voltem atrás!’.

“Mas essa voz, que é a própria voz do catolicismo, é sufocada pelo ruído do trem. (...) A tempestade levou a ponte. Era noite e o trem que partiu de Gerona ia em frente. Os viajantes não sabiam do perigo, mas a ponte não estava ali. As trevas escondiam o risco, até chegar no abismo. A locomotora deu um pulo e não tinha asas, faltavam os trilhos, só havia o precipício. Ela caiu, arrastando consigo os carros e os passageiros. E as águas os engoliram.
“Eles não acreditaram no perigo, mas ele existia, era verdadeiro, e a incredulidade não os salvou, mas os perdeu.

“Os maquinistas e condutores do trem para onde vai a sociedade atual estão ébrios, perderam o juízo. Não vedes que não acertam uma?

“Descei enquanto puderdes, e jogai-vos nos braços da Igreja vossa Mãe, e assim vos salvareis" ("Catástrofe social", El Ermitaño, Nº 40, 5-8-1869).