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sábado, 19 de novembro de 2011

Barganhando com Nossa Senhora Auxiliadora

Dia 16 de novembro de 1866. Dom Bosco tinha que pagar aos empreiteiros, naquela mesma noite, mas não dispunha de uma única moeda. De manhã, bem cedo, o ecônomo da casa tentou arranjar a soma junto a alguns benfeitores, mas, com muita dificuldade, conseguiu apenas mil francos...

Após o jantar, Dom Bosco tomou do chapéu e saiu de casa, esperançoso, achando que a Divina Providência poderia agir a seu favor. Após muitos circuitos, andando sem destino, ele se encontrava na estação ferroviária, sem saber para onde ir, quando um criado, devidamente uniformizado, o abordou:
- Senhor Padre, por acaso o senhor não é o Dom Bosco?
- Sou, sim, em que posso servi-lo?
- Meu patrão me enviou para suplicar-lhe que venha vê-lo, urgentemente.
- Vamos vê-lo, então. É longe?
- Não, ele mora lá no final da rua.
- Aquele palacete pertence a ele?
- Claro, ele é imensamente rico; e bem que poderia fazer algo em benefício da sua igreja.

Os dois se dirigiram até a residência do milionário e adentraram um belo quarto. No leito, um senhor idoso, ao ver Dom Bosco, se entusiasmou:
- Meu reverendíssimo Padre, preciso tanto de suas orações; o senhor bem que poderia me colocar de pé...
- Há quanto tempo o senhor está doente?
- Há três anos que não consigo deixar este leito de sofrimento: não sou capaz de fazer um só movimento e os médicos não me dão nenhuma esperança... Se eu obtivesse a cura, eu bem que faria algumas doações para as suas Obras.
- Ótimo. Nós estamos precisando para hoje mesmo, com urgência, de três mil francos para a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora.
- Três mil francos? Nem pensar! Caro Padre, se fossem algumas centenas de francos, tudo bem, mas três mil!...
- O senhor acha que é muito? - diz Dom Bosco. - Então não falemos mais nisso.
E, com bastante tranqüilidade, sentou-se próximo ao enfermo e deu início a um assunto político.
- Mas, prezado Padre (Dom Bosco), não se trata disso, da quantidade de dinheiro... E a minha cura?
- Sua cura? Eu lhe indico o caminho, mas o senhor o recusa...
- Mas o custo é este valor de três mil francos?
- Eu não insisto.
- Enfim; obtenha uma pequena trégua para os meus sofrimentos e, seguramente, eu não o esquecerei quando chegar o final do ano.
- No final do ano! Mas o senhor não entende que nós precisamos dessa soma esta noite, mesmo?
- Esta noite, esta noite! O senhor não imagina que seja normal um cidadão guardar três mil francos em casa... Tem-se que ir ao Banco, preencher as formalidades...
- E por que o senhor não poderia dar um pulo no Banco?
- O senhor está brincando; há três anos que eu estou preso a esta cama; para mim é impossível sair daqui.
- Nada é impossível para Deus nem para Nossa Senhora Auxiliadora!

E, assim dizendo, Dom Bosco fez com que todas as pessoas da casa - umas trinta - se reunissem em torno do acamado, ensinou-lhes uma oração ao Santíssimo Sacramento e outra à Nossa Senhora Auxiliadora e rezou com elas. Ao terminar a oração, ordenou que vistissem o doente, com "roupas para sair".

- "Roupas para sair"? Mas nosso amo nem as tem mais. Há três anos que ele não se veste para sair; nós nem sabemos onde estão as suas roupas.
- Comprem novas roupas o mais depressa possível - gritou o enfermo, impaciente. - Façam o que o Padre está mandando.
Neste momento, entrou o médico que quis colocar obstáculos para impedir o que ele chamou de insigne loucura. Mas os empregados encontraram as antigas roupas. O doente se vestiu e passou a caminhar pelo quarto com grandes e briosas passadas, diante do inexprimível assombro de todos.
O homem, curado, pediu que eles se apressassem, e enquanto isso, feliz, desejando um reconforto, mandou que lhe preparassem um lanche, e serviu-se com grande apetite como, há muito, não tinha.
Em seguida, totalmente reanimado, desceu a escada, recusando qualquer ajuda, e entrou no carro.

Alguns momentos depois, voltava, trazendo três mil francos a Dom Bosco.
- Eu estou completamente curado - não parava de repetir.
- O senhor fez com que seu dinheiro saísse do Banco - diz-lhe Dom Bosco - , e Nossa Senhora Auxiliadora fez o senhor sair da cama.

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